Academia Espírito-santense de Letras - Instituto Sincades
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REVISTA DA ACADEMIA ESPÍRITO-SANTENSE DE LETRAS | 2012<br />
impresso um único número <strong>de</strong> O Estafeta. Com a morte <strong>de</strong> Tovar, em 1841, o maquinário permaneceu<br />
inativo, até sua venda a Pedro Antônio Azeredo. Este se tornou o precursor da imprensa<br />
capixaba, ao iniciar a publicação, em 17 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1849, do Correio da Victória, periódico bissemanário<br />
que circularia entre nós por vinte e quatro anos, sob a direção <strong>de</strong> José Marcelino Pereira<br />
<strong>de</strong> Vasconcelos.<br />
É do mesmo José Marcelino a iniciativa da publicação do primeiro livro, entre os até hoje<br />
localizados, editado em terras capixabas: o 1.º volume do Jardim Poético, <strong>de</strong> 1856 (<strong>de</strong> que a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
<strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong> fez publicar uma 2.ª edição em 2008, mediante convênio com a Prefeitura<br />
Municipal <strong>de</strong> Vitória). Embora, registre-se, o primeiro autor capixaba publicado <strong>de</strong> que se tem<br />
notícia seja Manuel <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Figueiredo, calígrafo do Reino, que, em 1722, publicou em Lisboa<br />
Nova Escola para apren<strong>de</strong>r a ler, escrever & contar, <strong>de</strong> que a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong> também<br />
fez tirar uma 2.ª edição (talvez a primeira edição brasileira), em 2008. Da primeira edição do<br />
Jardim Poético, guarda hoje a Biblioteca Pública Estadual um exemplar, <strong>de</strong>ntre os outros tantos que<br />
<strong>de</strong>ve ter possuído nos seus anos iniciais <strong>de</strong> funcionamento.<br />
Ao incansável José Marcelino Pereira <strong>de</strong> Vasconcelos <strong>de</strong>vemos a cogitação inicial do registro<br />
dos esforços literários havidos entre nós. Do frontispício do Jardim Poético colhe-se esta sua preocupação,<br />
que lhe animava as intenções:<br />
“Des<strong>de</strong> o <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong>sta parte do Império que muitos Gênios hão<br />
<strong>de</strong> ter nascido, vivido <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> sua atmosfera, e morrido com o fruto<br />
<strong>de</strong> suas lucubrações [...] como po<strong>de</strong>remos ter glória por este modo?<br />
Como po<strong>de</strong>remos representar nos futuros séculos um importante papel<br />
entre os literatos brasileiros, <strong>de</strong>ixando cair em olvido, concorrendo mesmo<br />
para se esvaecerem tão interessantes documentos?”<br />
À visão <strong>de</strong> José Marcelino se <strong>de</strong>ve o fato <strong>de</strong> uma pequena parcela da produção dos contemporâneos<br />
espírito-<strong>santense</strong>s não ter tido outro <strong>de</strong>stino e po<strong>de</strong>r ser conhecida por nós, pelo<br />
público leitor <strong>de</strong> hoje.<br />
Mas nisto <strong>de</strong> publicação, como registrou o Acadêmico Renato Pacheco no breve texto “Introdução<br />
à História do Livro Capixaba”, que integra seu Estudos <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong>s, publicado em 1994<br />
pelo <strong>Instituto</strong> Histórico e Geográfico do <strong>Espírito</strong> Santo, autores locais publicavam fora daqui. Citese,<br />
por todos, ainda José Marcelino Pereira <strong>de</strong> Vasconcelos, nosso mais prolífico escritor da época e,<br />
sem dúvida, a personalida<strong>de</strong> mais marcante daqueles inícios da produção gráfica capixaba, que<br />
teve obras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância publicada pela editora dos irmãos Laemmert, do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Exemplares hoje muito raros <strong>de</strong> seus Ensaios sobre a história e estatística da província do <strong>Espírito</strong> Santo,<br />
aqui publicado em 1858, do Roteiro dos Delegados e Sub<strong>de</strong>legados <strong>de</strong> Polícia, Manual dos Juízes <strong>de</strong> Direito, o<br />
próprio Jardim Poético, compõem os acervos <strong>de</strong> obras raras da Biblioteca Pública Estadual, do <strong>Instituto</strong><br />
Histórico e Geográfico do <strong>Espírito</strong> Santo e da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>.<br />
A consolidação da imprensa no <strong>Espírito</strong> Santo, na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, e o<br />
interesse que <strong>de</strong>spertavam as disputas políticas nas páginas dos órgãos oficiais dos partidos,<br />
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