Academia Espírito-santense de Letras - Instituto Sincades
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na capital e no interior, sem dúvida incrementavam o interesse pela leitura. A fundação do<br />
primeiro grêmio lítero-científico do <strong>Espírito</strong> Santo, em 1916, o <strong>Instituto</strong> Histórico e Geográfico,<br />
contribuiu para consolidar a canalização dos esforços dos letrados locais contemporâneos. Aos<br />
quadros do <strong>Instituto</strong> Histórico e Geográfico pertencia a maioria dos fundadores da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
<strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, cujo pontapé inicial, em 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1921, se <strong>de</strong>u no Clube Bohemios,<br />
on<strong>de</strong> estava instalada a se<strong>de</strong> do <strong>Instituto</strong>.<br />
No período <strong>de</strong> inativida<strong>de</strong> da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, entre 1925 (última reunião registrada<br />
em ata) e 1937 (ano da convocação dos <strong>de</strong>mais remanescentes pelo Acadêmico Arquimimo<br />
Martins <strong>de</strong> Matos), floresceram em Vitória algumas associações literárias, registrando<br />
Elmo Elton no estudo introdutório ao Patronos e Acadêmicos a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong><br />
<strong>de</strong> Novos e o Grêmio Rui Barbosa. Com a reorganização da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Letras</strong> naquele ano, muitos dos integrantes dos dois grêmios passaram a ocupar ca<strong>de</strong>iras no<br />
sodalício maior.<br />
Como uma instituição voltada ao cultivo das letras, a história da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong><br />
foi enriquecida pela doação à Casa da biblioteca pessoal do Acadêmico Álvaro Henrique Moreira<br />
<strong>de</strong> Souza, Saul <strong>de</strong> Navarro, em 1947. Navarro era leitor consciencioso e <strong>de</strong> seu acervo fazem parte<br />
exemplares diversos em francês, espanhol e inglês. A formação do acervo é, aliás, uma das preocupações<br />
da nossa <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>: nas atas das reuniões naqueles anos iniciais consta o registro <strong>de</strong> cada<br />
título que lhe era doado, sendo o primeiro registro, na reunião <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1923, <strong>de</strong> um<br />
exemplar da Revista da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Brasileira <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>.<br />
Homem <strong>de</strong> <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, a Brasileira, é o autor do livro que mais divulgou as coisas do <strong>Espírito</strong><br />
Santo no meio literário, livro este que, agora, em 2012, completa cento e <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> publicação:<br />
o Canaã, <strong>de</strong> Graça Aranha, obra inspirada ao jovem Juiz Municipal do Porto <strong>de</strong> Cachoeiro <strong>de</strong><br />
Santa Leopoldina pela acusação <strong>de</strong> infanticídio contra a imigrante <strong>de</strong> origem alemã Guilhermina<br />
Lubke. O inci<strong>de</strong>nte com a Maria Perutz do livro é pano <strong>de</strong> fundo para a discussão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias sociológicas<br />
então em voga. A<strong>de</strong>mais disto, o Canaã é importante representante do chamado “romance<br />
<strong>de</strong> imigração” no Brasil.<br />
A obra máxima <strong>de</strong> Graça Aranha inspirou ao Acadêmico Augusto Lins dois títulos em<br />
que <strong>de</strong>monstra seu afinco no estudo do romance, o Variações Estéticas do Canaã, cuja segunda<br />
edição, <strong>de</strong> 1981, <strong>de</strong>dicou à <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, “com gratidão e respeito” e do<br />
monumental Graça Aranha e o Canaã, <strong>de</strong> 1967, <strong>de</strong>dicada à <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong><br />
e à Arcádia <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong>, que integrara. É neste último livro em que, ao prefaciá-lo, o ministro<br />
Renato Almeida constata que o <strong>Espírito</strong> Santo:<br />
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“foi o gran<strong>de</strong> personagem do Canaã, criado com o fascínio e o <strong>de</strong>slumbramento<br />
da natureza, com todas as implicações filosóficas do seu panteísmo,<br />
que integra a terra no livro; foi o homem que ali vivia a tragédia<br />
do sub<strong>de</strong>senvolvimento e o que veio do estrangeiro com suas doutrinas<br />
a<strong>de</strong>quadas ou conflitantes com o meio; foi o complexo social em que se<br />
fundiam formas diferentes <strong>de</strong> um Brasil que se miscigenava, aculturava e