4º. capítulo - Biblioteca da Floresta

Quanto a mim, eu não troco as sardas minhas,
Pelas pinturas dos almofadinhas.
Adeus, querida Laura sem rival!
Abraços do teu poeta, Juvenal”!
(Extraído de vários rascunhos, dos manuscritos de tio Juvenal, em poder de vovó
Madalena)
Rio Branco / Acre, 03 ­ 02 ­1920.
(Dedicado aos acreanos, à boa terra, aos caros amigos, aos companheiros diletos das
algazarras, das gostosas bebedeiras e das belas noitadas. Aos cúmplices fiéis dos infindáveis
crepúsculos e das preguiçosas auroras! Aqui, apenas palavras, sentimentos, mistura de emoção
e gratidão nascendo e renascendo, enquanto o sol vai despontando altaneiro e a inspiração vai
perdendo as rédeas!). Juvenal Antunes.
O ACRE
Terra gigantesca e nova, opulenta e feraz,
Que a miséria e ambição povoaram de repente,
Como virgem pudica, amorosa e inocente,
Entregaste o teu seio ao nordestino audaz!
Aqui corria outrora, em imensas caudais,
O rio de dinheiro, em tumultuosa enchente;
E era belo de ver como essa heróica gente
Disputava o bastão de quem gastava mais!
Das espigas, porém, como no Egito, plenas,
O selênio acabou; e, hoje, num triste drama,
Vemos, representando o seu papel, apenas!
Seringueiros, que a fome encova as faces lívidas,
A borracha a dois mil e pouco o quilograma,
Bacharéis sem questões e coronéis com dívidas!
TRÊS SONHOS
Oscar, Paulo e Abelardo, ouvindo à sorte
A tentadora voz, que a todos chama,
Escravos do desejo, que os inflama,
Partem, tomando cada qual o seu norte!
Procura Oscar riquezas; glórias ou fama
Busca Paulo; e Abelardo quer a morte