18.04.2013 Views

4º. capítulo - Biblioteca da Floresta

4º. capítulo - Biblioteca da Floresta

4º. capítulo - Biblioteca da Floresta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Aceite o meu abraço bem sincero,<br />

O amigo sabe, enfim, quanto lhe quero.<br />

Pingando aqui o meu ponto final,<br />

Seu colega e amigo, Juvenal!<br />

DO PRESIDENTE JUVENAL LAMARTINE<br />

Caro amigo, Juvenal Antunes,<br />

Natal, 22 de julho de 1928.<br />

Grande receio sinto ao responder ­te a bela missiva em versos! Essa carta, em<br />

muito elevou ­ me o espírito atribulado com tanta papela<strong>da</strong>. Mas creia, amigo, tive uma certa<br />

apreensão que pudesse tamanha folha escrita, trazer­me algumas <strong>da</strong>s tuas asneiras!<br />

Ain<strong>da</strong> bem, que ficaste curado desse “ite”. Toma cui<strong>da</strong>do, os tempos vão<br />

mu<strong>da</strong>ndo, já não são os de outrora. A situação climática sofrendo alterações, ventos<br />

empoeirados, chuvas esporádicas e noites muito frias por esses dias.<br />

Perguntas se andei num pássaro de ferro, o tal aparelho do ar inventado por<br />

Dummont? É um milagre voar, Juvenal, as nuvens parecem tão próximas que dá até pena<br />

respirar temendo que se esgarçem. Quanto às estrelas, elas são distantes tanto quanto as<br />

vemos em terra firme.<br />

Olha, mui caro amigo, também não vi nenhum “macho” e menos ain<strong>da</strong>, mulher<br />

voando pelas nuvens. Sois incorrigível!<br />

A tua carta em versos é de uma beleza singular (mostrei­a aos mais íntimos),<br />

apresso­me a respondê­la, para outra receber.<br />

Confio, na Misericórdia divina, que tu não farás nenhuma desordem por aí, afinal,<br />

sois um digno representante <strong>da</strong> Lei e um Poeta! Os poetas ­ sábios e serenos ­ só conhecem o<br />

amor, a paixão, o sonho, a quimera! Quem dera o dom dos Poetas! Eles, sim, conseguem ver<br />

estrelas onde há poeira e chuva, onde as dores podem se esconder em mimosos travesseiros<br />

de ternura humana!<br />

Fico por aqui, impressionado com a tua fervorosa atenção ao direito <strong>da</strong> mulher<br />

votar. Viu? Não é fulgurante a tua sapiência?<br />

Considerando­me um afortunado pela tua amizade sincera, aguardo novas cartas e<br />

teus sonetos que tanto afagam esta pobre alma minha!<br />

Teu amigo, um simples lume estelar na constelação <strong>da</strong> tua vasta cultura!<br />

Abraça­te,<br />

Juvenal Lamartine<br />

PS: Quando quiseres me visitar, não faças cerimônias. Amigo a gente escolhe, protocolo joga­<br />

se fora quando se vê o clarão de luz nos olhos de um bom amigo.<br />

Outro PS: Recorro a um pensamento de James Russel Lowell, para poetizar a minha pobre<br />

missiva: “Se Deus teve algum intento ao fazer o poeta, foi o de conservar viva a tradição<br />

do que é puro, santo e belo”! J.L.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!