4º. capítulo - Biblioteca da Floresta
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Alice já fez seis anos,<br />
Completou nove o Joaquim;<br />
Só nessa quadra de enganos<br />
Existe igual<strong>da</strong>de assim!<br />
Marido e mulher se chamam...<br />
Comem na mesma tigela...<br />
Para provar que se amam,<br />
Na<strong>da</strong> deixam dentro dela!<br />
Faz de carreiro o menino<br />
E vai buscar a boia<strong>da</strong>;<br />
Tem Alice outro destino:<br />
Fazer ren<strong>da</strong> de almofa<strong>da</strong>!<br />
Lá vem o carro cantando,<br />
Puxado por quatro bois...<br />
E o carreiro, praguejando,<br />
Fala a um, a outro depois!<br />
Feliz inocência a tua,<br />
Filho de um pobre carreiro!<br />
Pensas que és dono <strong>da</strong> lua,<br />
E brincas o dia inteiro!<br />
Homem, suarás como um mouro,<br />
E não serás livre nenhuma hora...<br />
Nem hás de ter mais namoro,<br />
Com a filha de dona Aurora!<br />
M E U C O R A Ç Ã O<br />
Rio Branco, 1920 (um ano sem rival).<br />
Meu coração é monstro multiforme,<br />
É urze e girasol, pomba e serpente,<br />
Ora, insone, no berço, ou chora ou dorme,<br />
Ora mostra, a ranger, canino dente.<br />
Quantas vezes, d’um nobre sentimento<br />
Sentese presa, em plácido abandono,<br />
Mas, é pomba a serpente um só momento,<br />
Enganando e mentindo ao próprio dono.<br />
Vê se o seu julgo, oh! meu amor, sacodes!<br />
Foge de mim e odeiame, se podes!