4º. capítulo - Biblioteca da Floresta
4º. capítulo - Biblioteca da Floresta
4º. capítulo - Biblioteca da Floresta
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
PS: Dedica<strong>da</strong> à Laura, dona do meu coração! (J.A.)<br />
CONSELHO<br />
Pairo, bem longe, muito longe, acima<br />
De tudo, e vivo num sonhar jocundo,<br />
Tão poderoso é o teu amor profundo,<br />
Que este meu ser espiritual anima!<br />
Almoço e janto os beijos teus; e, Oh! prima,<br />
Se estou assim tão magro e de orgulho fundo,<br />
Que até pareço uma alma do outro mundo,<br />
A culpa, não há dúvi<strong>da</strong>, é do clima.<br />
Mas, Juvenal Antunes, quem lhe disse,<br />
Quem lhe meteu nessa cabeça idiota,<br />
Que se pode viver na malandrice?<br />
De ilusões e poesias ninguém come...<br />
Se o amigo não mu<strong>da</strong>r de rota,<br />
Tem, co certeza, que morrer de fome!<br />
Nota: Vê, mana, o teu Juvenal, numa hora de extrema divagação...<br />
MISTÉRIOS<br />
Interrogues o Espaço, amplo e azulado,<br />
E ambas as mãos, no vácuo, ergas e agites,<br />
A noite geme...o mar freme, agitado...<br />
Pouco importa que, assim, anseis e grites!<br />
Lá vem a fresca aurora, alva e rosa<strong>da</strong>,<br />
Branqueando os montes, acor<strong>da</strong>ndo os ninhos;<br />
Cantas, tendo, no entanto, a alma magoa<strong>da</strong>...<br />
Sofrerão, por acaso, os passarinhos?<br />
Porque, entre espinhos, lin<strong>da</strong> rosa medra,<br />
É eternamente inútil que perguntes;<br />
E, quem sabe se a flor, ou a dura pedra,<br />
Não sangra sob o pé dos transeuntes?<br />
Oh! Sol! Lá vem gastar, prodigamente,<br />
A sua luz, de mágico esplendor!<br />
Todos os dias, invariavelmente,<br />
Vem aclarar tanta miséria e dor!<br />
És, como disse Antero de Quental,