18.04.2013 Views

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2 Ciência, tecnologia e <strong>gênero</strong>: implicações do <strong>fazer</strong> a vida.<br />

“O único mito puro é a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma ciência purificada <strong>de</strong> qualquer<br />

mito.”<br />

Michel Serres<br />

Nos últimos três séculos a reprodução tem sido proposta como o lugar privilegiado <strong>de</strong><br />

inserção da mulher, alimentando a relação entre o feminino e a maternida<strong>de</strong>, ainda que ela<br />

tenha realizado inúmeras outras conquistas. Observa-se também que a transferência da<br />

reprodução do domínio feminino para as mãos dos médicos, pouco muda essa relação<br />

tradicional entre a mulher e a maternida<strong>de</strong>. Ao contrário, tecnologias complexas e avançadas<br />

estão se pautando em discursos bastante essencializadores sobre as necessida<strong>de</strong>s do emocional<br />

e do corpo feminino, bem como, a respeito do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> família e da complementação da<br />

idéia do que é um casal.<br />

Com a entrada <strong>de</strong> diferentes especialida<strong>de</strong>s médicas/científicas no campo da<br />

reprodução, que antes apenas dizia respeito ao casal, ocorre forte separação entre sexo e<br />

reprodução. Possibilita-se a confecção <strong>de</strong> um sem número <strong>de</strong> arranjos familiares e <strong>de</strong><br />

parentesco, já que através das investidas científicas se po<strong>de</strong>m articular <strong>de</strong> novas maneiras as<br />

células, os gametas, o DNA, transformando a fixi<strong>de</strong>z da biologia. Tais inovações po<strong>de</strong>riam,<br />

então, contribuir para as discussões, referenciadas no capítulo anterior, que preten<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>sconstruir algumas premissas sociais que se enraízam em postulados consi<strong>de</strong>rados<br />

indiscutíveis por basearem-se na natureza imóvel dos seres. Entretanto, o que habitualmente<br />

verificamos é que estes questionamentos <strong>de</strong> pressupostos culturais, bem como a abertura para<br />

diferentes organizações familiares, são muitas vezes, negadas ou camufladas pelos discursos<br />

que envolvem as NTRc. A RA aparece <strong>de</strong>ste modo, ro<strong>de</strong>ada por ares <strong>de</strong> cientificida<strong>de</strong> que<br />

afirmam a relação apertada entre a mulher e seu corpo naturalmente reprodutivo, que é outra<br />

vez sacralizado através da maternida<strong>de</strong> localizada como base da família heterossexual<br />

entendida como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>.<br />

Neste contexto, se faz necessária uma revisão sobre o modo como o campo científico<br />

se estabelece e firma suas ações, tantas vezes, marcadas por valores e concepções sociais<br />

referidas ao lugar da família e da mulher na socieda<strong>de</strong> contemporânea. Tais apontamentos<br />

apresentam relevância, visto a autorida<strong>de</strong> que a ciência ocupa em nossa socieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> se<br />

encontra legitimada e po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o verda<strong>de</strong>iro e o falso, assim como o certo e o errado,<br />

19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!