18.04.2013 Views

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A pesquisa que realizamos nesta monografia nos permite avançar um pouco na<br />

compreensão <strong>de</strong>ste campo complexo que é a reprodução humana em laboratório,<br />

principalmente por mesclar categorias que são habitualmente mantidas separadas.<br />

Pu<strong>de</strong>mos perceber por meio da pesquisa empírica nos sites das clínicas que o campo<br />

das NTRc, assim como havíamos presumido, encontra-se bordado pelas concepções e valores<br />

daqueles que as produzem e que, assim, não encontram-se isentos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias e <strong>de</strong><br />

estereótipos <strong>de</strong> <strong>gênero</strong>.<br />

Ainda que as teóricas feministas venham <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 60 reivindicando o controle<br />

sobre seus corpos, os discursos dominantes ainda encontram meios <strong>de</strong> reafirmar e dominar o<br />

corpo feminino ao engendrá-lo em concepções acerca <strong>de</strong> sua natureza instintiva que atrela a<br />

mulher a sua natureza reprodutiva. Os discursos que envolvem as NTRc alocam-se neste<br />

campo que reafirma os preceitos generificados que sacralizam a maternida<strong>de</strong> e enaltecem a<br />

família heterossexual - pilares da dominação masculina.<br />

Neste sentido traçamos no primeiro capítulo uma revisão bibliográfica que contempla<br />

o panorama do <strong>de</strong>bate que se inscreve no campo das críticas ao i<strong>de</strong>al da maternida<strong>de</strong><br />

obrigatória, que conecta a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> feminina ao seu corpo e afere à sua especificida<strong>de</strong><br />

biológica a essência <strong>de</strong> seu ser. Como pu<strong>de</strong>mos perceber neste capítulo, a mulher tem sido<br />

tomada, ao longo dos últimos três séculos, como sujeito da reprodução, o que tem servido<br />

para legitimar uma posição hierárquica <strong>de</strong> <strong>gênero</strong>, na qual a mulher é relegada ao campo da<br />

natureza instintiva e ao cuidado doméstico enquanto ao homem ficam reservadas as ações<br />

sociais da esfera pública. Desta forma, a maternida<strong>de</strong> torna-se <strong>de</strong>finidora do papel da mulher<br />

no universo simbólico e sua ausência é, para a gran<strong>de</strong> maioria das mulheres, sentida como<br />

“<strong>de</strong>sgraça”, doença ou simplesmente como fonte <strong>de</strong> infelicida<strong>de</strong> frente a um corpo que não se<br />

adéqua ao i<strong>de</strong>al cultural.<br />

Em meio a este cenário surgem timidamente no final dos anos 70 as técnicas<br />

reprodutivas, que ganham terreno e a<strong>de</strong>ptos especialmente após os anos 90, quando se<br />

evi<strong>de</strong>ncia um crescimento vertiginoso <strong>de</strong> clínicas <strong>de</strong>stinadas a reprodução humana em<br />

laboratório e das técnicas ligadas aos procedimentos envoltos na manipulação das etapas<br />

reprodutivas. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> separar sexo e reprodução, chave <strong>de</strong>ste método reprodutivo,<br />

parece acabar com os limites da natureza, estando o filho do próprio sangue ao alcance <strong>de</strong><br />

70

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!