fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...
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Na sequência encontramos a biologia com 64 profissionais <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 1059,<br />
diferente do que se encontra no Brasil, on<strong>de</strong> a embriologia ocupa o segundo lugar como palco<br />
<strong>de</strong> inserção dos especialistas. Na área da biologia, os profissionais encontram-se divididos em<br />
37 mulheres e 22 homens. Observa-se um maior número <strong>de</strong> mulheres nesta área do<br />
conhecimento, o que se <strong>de</strong>ve aos processos <strong>de</strong> feminilização que vem ocorrendo em<br />
<strong>de</strong>terminadas profissões que exigem o fino trato e o olhar repetitivo sobre os materiais e o<br />
campo da biologia, quando em balcões <strong>de</strong> laboratório, parece se aproximar sempre mais <strong>de</strong>ssa<br />
característica. Atentamos para o processo <strong>de</strong> essencialização da compreensão sobre quem<br />
po<strong>de</strong> executar <strong>de</strong>terminadas tarefas que no mundo do trabalho e da ciência tem sido<br />
compreendidas a partir da essencialização do feminino como mais competente na habilida<strong>de</strong><br />
do olhar, do controle, da repetição, das tarefas monótonas, da <strong>de</strong>streza e da habilida<strong>de</strong> manual,<br />
apresentando claramente uma organização do trabalho generificada. O mesmo ocorre para a<br />
área da genética, bioquímica, bacteriologia, embriologia e técnica <strong>de</strong> laboratório especializada<br />
em reprodução assistida, on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>streza, a habilida<strong>de</strong> manual e o <strong>de</strong>talhamento dos<br />
procedimentos <strong>de</strong>finem microconfigurações <strong>de</strong> <strong>gênero</strong>, estereotipadas a partir do que<br />
distingue a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> homens e mulheres neste espaço. A presença majoritariamente<br />
feminina nos laboratórios <strong>de</strong> biologia, em ativida<strong>de</strong>s realizadas na bancada do laboratório,<br />
consi<strong>de</strong>radas cansativas e exigentes em termos <strong>de</strong> concentração e organização, já foram<br />
apontadas por Osada e Costa (2008).<br />
Tradicionalmente, também nas áreas <strong>de</strong> enfermagem e da psicologia encontramos<br />
maior número <strong>de</strong> inserção <strong>de</strong> mulheres do que <strong>de</strong> homens. Neste caso, a lógica <strong>de</strong> construção<br />
dos processos <strong>de</strong> generificação perpassa a essencialização do feminino associado ao cuidado e<br />
à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envolvimento emocional da profissional mulher. Mapeiam-se <strong>de</strong>mandas<br />
sobre a sua sensibilida<strong>de</strong>, sua compaixão e sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar suporte ao sofrimento<br />
psicológico, emocional ou físico. Danielle Eleutério aprofunda esta discussão em seu trabalho<br />
monográfico 7 , on<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolve uma reflexão a respeito das relações <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> imbricadas na<br />
prática <strong>de</strong> cuidados aos portadores <strong>de</strong> Mal <strong>de</strong> Alzheimer, cenário que constitui uma verda<strong>de</strong>ira<br />
divisão sexual do trabalho, marcada pela vinculação da mulher ao ato <strong>de</strong> cuidar.<br />
Seguindo o quadro <strong>de</strong> inserções profissionais, encontramos a bioquímica em terceiro<br />
lugar <strong>de</strong> inserção no rol das 49 especialida<strong>de</strong>s localizadas, somando um total <strong>de</strong> 49<br />
profissionais, dos quais 10 são homens e 39 mulheres. Psicologia e urologia contam<br />
igualmente com 29 profissionais. Sendo que a primeira conta com 25 mulheres e apenas 04<br />
7 As “cuidadoras” <strong>de</strong> pessoas portadoras do Mal <strong>de</strong> Alzheimer e sua relação com o cuidado. Monografia<br />
orientada pela professora Dra Marlene Tamanini em 2006.<br />
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