18.04.2013 Views

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

em particular no que se refere aos mo<strong>de</strong>los dominantes <strong>de</strong> interpretação da reprodução<br />

humana.<br />

A reprodução humana passa a ser um objeto <strong>de</strong> intervenção tecnológica, quando se<br />

trata do seu uso e produção em laboratório. As novas tecnologias reprodutivas ganham força e<br />

a<strong>de</strong>ptos em nosso país, em especial, a partir dos anos 1990, quando muitos médicos e<br />

cientistas trazem <strong>de</strong> suas viagens ao exterior uma gama variada <strong>de</strong> novos métodos e<br />

informações. O uso <strong>de</strong> tais técnicas reprodutivas experimenta no Brasil <strong>de</strong>sta época um<br />

florescimento fixado em seu caráter positivo sem, no entanto, propiciar uma maior reflexão<br />

sobre seus efeitos políticos, sociais e econômicos.<br />

As primeiras técnicas <strong>de</strong> RA consistiam em procedimentos simples como o sexo<br />

cronometrado (TAMANINI, 2003) realizado, ainda, em um espaço <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong> do casal.<br />

Entretanto, com o <strong>de</strong>senvolvimento das novas tecnologias reprodutivas conceptivas a<br />

intimida<strong>de</strong> do casal é levada para <strong>de</strong>ntro do laboratório, on<strong>de</strong> a técnica e a intervenção<br />

médico/científica especializada e capacitada é dirigida à manipulação <strong>de</strong> gametas, <strong>de</strong> órgãos e<br />

<strong>de</strong> embriões confeccionados <strong>de</strong> forma exterior ao corpo, <strong>de</strong>marcando <strong>de</strong> maneira sensível a<br />

separação entre sexo e reprodução e embrião. Neste cenário, a reprodução passa a configurar-<br />

se como um palco <strong>de</strong> transferência e aplicação dos conhecimentos biotecnológicos, genéticos<br />

laboratoriais e mercadológicos, apresentando-se assim, como um campo marcado por<br />

interesses políticos e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, que visam transformar conhecimentos em técnicas úteis aos<br />

interesses <strong>de</strong> mercado e da indústria (ROTANIA, 2003). Inserindo-se em um gran<strong>de</strong> mercado<br />

<strong>de</strong> <strong>fazer</strong> bebês (SPAR, 2007), os laboratórios utilizam-se <strong>de</strong> narrativas publicitárias e imagens<br />

que promulgam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização do sonho da reprodução biológica, atraindo para<br />

as clínicas - em sua gran<strong>de</strong> maioria privadas – pessoas que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser simples pacientes<br />

para tornarem-se verda<strong>de</strong>iros clientes. Desta maneira, diferentes autoras propõem que se<br />

pense sobre as implicações e dinâmicas sociais, econômicas e simbólicas envoltas nas práticas<br />

<strong>de</strong> RA cujo fim parece ser a objetivação máxima da vida humana pelo discurso<br />

médico/científico.<br />

Estas tecnologias parecem reforçar a obrigação <strong>de</strong> ter filhos, sem os quais a mulher, no<br />

contexto <strong>de</strong> família heterossexual, é percebida como vazia (TAMANINI, 2006). A questão da<br />

infertilida<strong>de</strong> possui remotas referências. Uma das mais antigas refere-se às famílias<br />

fundadoras da teologia cristã, <strong>de</strong>scritas no capítulo bíblico <strong>de</strong> Gênesis. Durante muito tempo,<br />

a infertilida<strong>de</strong> manteve-se como uma maldição silenciosa e irrevogável. Essa condição<br />

alinhou-se à responsabilida<strong>de</strong> da mulher que, sem filhos era relegada ao âmbito do maligno<br />

(SPAR, 2007). Dessa forma, a infertilida<strong>de</strong> se impõe como um mal, uma patologia que <strong>de</strong>ve<br />

20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!