18.04.2013 Views

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

fazer download - Núcleo estudos de gênero - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Em último lugar na nossa análise perfigura a chave das imagens representativas da<br />

infertilida<strong>de</strong>, com 4 imagens, que são, quiçá as figuras mais interessantes e mais proveitosas<br />

no sentido <strong>de</strong> representações <strong>de</strong> valores e normas que se impoem sobre os corpos e<br />

comportamentos.<br />

É necessario alertar para o fato da esterilida<strong>de</strong> não ser uma doença, sendo, porém,<br />

entendida pelo discurso médico/cientifico como passivel <strong>de</strong> explicações e tratamentos médico.<br />

Este discurso une benção e fertilida<strong>de</strong> do mesmo modo em que atrela esterilida<strong>de</strong> e maldição.<br />

A infertilida<strong>de</strong> apresenta-se como uma tragédia para o sujeito feminino que não po<strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar-se com o i<strong>de</strong>al cultural da maternida<strong>de</strong>, tornando-se vazia. A mulher infértil é<br />

excluída <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m cultural que i<strong>de</strong>ntifica feminilida<strong>de</strong> com maternida<strong>de</strong>. A mulher<br />

infértil parece constituir a própria negação da natureza, negação do funcionamento normal <strong>de</strong><br />

seu corpo. “A maldição recai sobre o corpo, como se este fosse responsável por um fracasso<br />

que, na realida<strong>de</strong>, é imputável a uma operação simbólica” (TUBERT, 1996, p.138).<br />

Figura 15: A infertilida<strong>de</strong>.<br />

Imagens como a acima são reveladoras do lugar do casal, ou da mulher infértil em<br />

nossa socieda<strong>de</strong>. Marcada pela ausência <strong>de</strong> filhos, a mulher infértil é equiparada<br />

a terra seca, incapaz <strong>de</strong> <strong>fazer</strong> germinar uma semente. As relações entre fertilida<strong>de</strong> feminina e<br />

fertilida<strong>de</strong> da terra possuem uma longa tradição que se <strong>de</strong>ve a uma antiga associação da<br />

mulher com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar a vida. A terra fértil é sinônimo <strong>de</strong> fartura e nutrição, a<br />

mulher fértil é sinônimo <strong>de</strong> sucesso da espécie e, <strong>de</strong>sta forma, tanto a mulher como a terra,<br />

quando secas, são vinculadas a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> morte.<br />

As clínicas <strong>de</strong> reprodução em laboratório apresentam-se como a solução para os<br />

infortunios da infertilida<strong>de</strong>, capazes <strong>de</strong> <strong>fazer</strong> brotar uma muda no terreno mais seco e assim,<br />

<strong>de</strong> normalizar os corpos mais rebel<strong>de</strong>s. A lei científica torna-se lei moral e condiciona corpos<br />

rebel<strong>de</strong>s a norma. As tecnologias reprodutivas adquirem uma função política na transmissão<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!