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Figura 10: bebês segurados pelos médicos da clínica de RA. Figura 11: bebê. Vale notar que somente encontramos bebês brancos, o que reforça a ideologia da família euroamericana monogâmica e nuclear. Com 14 imagens encontramos a chave referida aos órgãos, que aparecem nos sites, soltos, desvinculados dos corpos. Tais imagens evidenciam um dos elementos que a teoria em torno das NTRc já havia apresentado, a crescente fragmentação do corpo humano nos processos de reprodução assistida. A reprodução que antes dizia respeito a intimidade do casal ao passar ao laboratório perde quase todo seu caráter subjetivo, neste cenário,os corpos são invadidos e tornam-se objetos definidos por suas funções biológicas. Neste contexto as discussões sobre as implicações éticas, sociais e simbólicas referentes ao se fazer filhos em laboratório não encontram lugar para se inserir, já que o corpo fragmentado não revela os sujeitos, os desejo, os sonhos e as concepções envolvidas neste proceder técnico sobre os órgãos. Os órgãos representados são em sua maioria órgãos femininos, como na imagem abaixo, na qual observamos um útero. Fato que alude, mais uma vez, a centralidade feminina nos processos reprodutivos, assim como ressalta a relação mulher/natureza/mãe, visto que a mulher é marcada pela singularidade biológica/natural da posse do útero, que lhe permite gestar, capacidade que define seu lugar no mundo. 62
Figura 12: Órgão feminino. Menos expressivas, mas não menos importante, são a, sétima, oitava e nona chaves, que contam com 3 imagens de homens, que podem estar ou não envolvidos com os bebês, representados sentados, já com uma idade mais avançada e menos dependentes de seus pais, mas que de qualquer maneira encontram pouca visibilidade nos sites de reprodução assistida, talvez porque estes estejam voltados às mulheres, teoricamente mais influenciadas por seus hormônios e instintos que as levam ao desejo do filho a qualquer preço. Esclarecemos que a área da reprodução continua sendo hegemonicamente uma área de inserção dos sujeitos femininos e mesmo com a entrada de especialistas e técnicas que dirigem o olhar aos indivíduos masculinos, não obstante, seus problemas e relações com a paternidade continuam aparecendo de maneira tímida, muitas vezes diluídos nas considerações sobre o casal. Importante lembrar que, nesta lógica de valorização da relação mulher/natureza/maternidade, a paternidade aparece apenas como dado culturalmente constituído e, sendo ligada ao âmbito simbólico, menos relacionada a esfera biológica. Neste sentido a imagem abaixo é bastante representativa visto que apresenta o bebê face a face com o pai, diferentemente das outras imagens relacionadas às mães. Esta relação íntima entre o bebê e o pai ressalta o vínculo sentimental, simbólico entre pai e filho, distanciando a paternidade da esfera biológica. Figura 13: pai e filho. Com quatro figuras encontramos as imagens gráficas referidas aos quadros que contemplam taxas de sucesso alcançadas pelas clínicas. Tais gráficos visam incentivar o acesso as NTRc ressaltando seu potencial benéfico e sua capacidade singular de dominar o mundo não humano, o mundo objetivo e neutro, do qual é capaz de fazer emergir os mais fundamentais conhecimentos sobre a vida e o funcionamento orgânico dos seres humanos. É importante ressaltar que estes gráficos podem ser fruto da manipulação de alguns dados, já 63
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Dedico este trabalho à Ingrid e Ju
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