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198<br />

No Umbral<br />

da China<br />

China Gate<br />

1957, 35 mm, 97 min, 2.35 : 1<br />

Direção: Samuel Fuller<br />

roteiro: Samuel Fuller<br />

Fotografia: Joseph F. Biroc<br />

Montagem: Gene Fowler Jr., Dean Harrison<br />

Música: Max Steiner, Victor Young<br />

Produção: Samuel Fuller<br />

Companhia Produtora: Globe Enterprises<br />

elenco: Gene Barry, Angie Dickinson, Nat ‘King’ Cole, Paul Dubov,<br />

Lee Van Cleef, George Givot, Gerald Milton, Neyle Morrow,<br />

Marcel Dalio, Maurice Marsac<br />

Classificação Indicativa: 16 anos<br />

Um grupo de mercenários precisa atravessar o território inimigo<br />

durante a guerra do Vietnã para destruir um depósito de armas.<br />

No Umbral da China é um filme premonitório<br />

sobre o futuro envolvimento americano<br />

no Vietnã. E não apenas por ser um<br />

destes filmes construídos a partir de uma<br />

missão condenada. As imagens iniciais de<br />

cinejornal rapidamente desaguam no mais<br />

puro delírio pulp. No Umbral da China se<br />

interessa não nos fatos da Indochina, mas<br />

por encontrar imagens que traduzam, com<br />

força, a verdade emocional por trás dela.<br />

Suas imagens são puro artifício e Fuller encontra<br />

nelas uma instabilidade que reflete a<br />

da sua heroína, uma prostituta euro-asiática,<br />

que nas suas próprias palavras, é “um pouco<br />

de tudo e um muito de nada”. A Indochina<br />

de Fuller é um espaço em ebulição perdido<br />

entre os desejos dos seus vários ocupantes:<br />

os comunistas, os colonialistas, os capitalistas<br />

e os quase sempre esquecidos locais. É<br />

um destes conceitos bem típicos de Samuel<br />

Fuller no qual esta ebulição encontra vazão<br />

na confusão de uma prostituta, um conceito,<br />

à sua maneira, grosseiro e exato. Nat King<br />

Cole pode estar em cena a cantar sobre uma<br />

ponte da China, mas o filme se recusa a en-<br />

tregá-la: já não há ponte possível entre as<br />

muitas vontades e posições que dominam<br />

aquele espaço pós-colonial, somente o adiar<br />

de uma explosão inevitável de todas elas.<br />

O filme sugere uma versão contemporânea<br />

de Renegando o Meu Sangue, filme<br />

que o cineasta rodou à mesma época. Como<br />

na maior parte dos filmes políticos de Fuller,<br />

o que alguns veem incorretamente como<br />

confusão de ideias ou puro primitivismo é,<br />

na verdade, um trajeto muito claro do individuo<br />

em meio à confusão ideológica do seu<br />

tempo. No Umbral da China pode, à primeira,<br />

vista sugerir um filme menos particular<br />

que outras obras do diretor no período, mas<br />

estão aqui a maioria das suas obsessões: a<br />

Ásia, o racismo, a guerra. O nome The Big<br />

Red One até é invocado pouco antes da primeira<br />

tentativa do cineasta em realizar seu<br />

filme de memórias de guerra. Todos esses<br />

elementos se combinam num amplo painel<br />

pulp do homem em conflito numa terra de<br />

ninguém.<br />

Filipe Furtado<br />

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