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214<br />

TubarAo<br />

Shark<br />

1969, 35 mm, 92 min, 1.33 : 1<br />

título alternativo: Caine<br />

Direção: Samuel Fuller<br />

roteiro: Samuel Fuller, John Kingsbridge<br />

Fotografia: Rául Martínez Solares<br />

Montagem: Carlos Savage<br />

Música: Rafael Moroyoqui<br />

Produção: Mark Cooper, Skip Steloff<br />

Companhia Produtora: Cinematográfica Calderón S.A., Heritage<br />

Entertainment Inc.<br />

elenco: Burt Reynolds, Arthur Kennedy, Silvia Pinal, Barry Sullivan,<br />

Enrique Lucero<br />

Classificação Indicativa: 16 anos<br />

Um atirador perde sua carga perto de uma pequena cidade costeira<br />

do Sudão e fica preso por lá. Quando uma mulher o contrata<br />

para invadir um navio afundado nas águas infestadas de tubarões,<br />

ele vê a chance de compensar suas perdas.<br />

Este é um filme em que as bordas são<br />

mais cintilantes do que os motivos centrais:<br />

a ambientação do hotel pulgueiro no Sudão<br />

com seu dono gordão e mau-caráter cercado<br />

de concubinas, as malandras estratégias<br />

de sobrevivência do (anti) herói oportunista<br />

Caine (Burt Reynolds), o garoto pequeno viciado<br />

em tabaco, o médico bêbado, as imagens<br />

submarinas com tubarões não adestrados,<br />

a gravidade das cenas filmadas em<br />

plongée (tomada de cima dos ventiladores de<br />

teto) e etc. Todos esses elementos possuem<br />

uma energia muito intensa, mesmo com a<br />

sujeira involuntária e com o cadenciamento<br />

um pouco exausto da montagem, bagunçada<br />

pelos produtores. É só experimentar ver o<br />

filme sem som: Fuller faz da composição e<br />

do ritmo interno dos seus planos imagenssíntese<br />

da sua força atrevida, ambígua e de<br />

sinceridade cristalina. Sinceridade, que se<br />

diga, que é postura estética antes de tudo.<br />

O diretor repudia o simulacro e não acredita<br />

na dissimulação do artifício (talvez nisso<br />

resida seu famoso desprezo por Hitchcock),<br />

por isso, mesmo em condições de produção<br />

adversas, seu talento se sobrepõe aos defeitos<br />

com radical desenvoltura.<br />

No entanto, quem conhece a obra do<br />

diretor, estranha uma parte importante da<br />

engrenagem dramática. O vilão interpretado<br />

por Barry Sullivan mais serve aos desencadeamentos<br />

do conflito roteirístico do que<br />

aos paradoxos amor/ódio, lealdade/traição<br />

que o filme aqui apenas sugere (as mesmas<br />

polaridades resultaram em maravilhas em<br />

um filme como O Quimono Escarlate); a<br />

trama da busca do ouro escondido no navio<br />

afundado – motivação primordial do drama<br />

– não tem os tradicionais paroxismos que<br />

vemos Fuller realizar em outros filmes em<br />

que as ambições dos personagens se equilibram<br />

entre o trágico e o patético.<br />

Só que essa fama de filme-problema<br />

faz mais mal à apreciação de Tubarão do<br />

que ao filme propriamente dito. Essa fama<br />

de filme “genial, mas ruim” é um clichê que<br />

não se sustenta. Se o filme fosse de um Joe<br />

D’Amato, seria chamado de obra-prima.<br />

Burt Reynolds – considerado por alguns um<br />

dos desastres do filme – é um ótimo herói<br />

fulleriano. O personagem físico e cínico se<br />

adequa bem à persona do ator. Mas como<br />

é de costume no universo cinéfilo, as verdades<br />

prontas estão à mão e o rigor crítico<br />

está em falta, e o Tubarão de Fuller passou<br />

para a história como o seu filme malquisto<br />

(porque malvisto). Um equívoco, para dizer<br />

o mínimo.<br />

Francis Vogner dos Reis<br />

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