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3. Ciclo Pascal 3.1. Evolução dos quatro primeiros séculos

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Ao contrário do que se diz com frequência, este não é o dia de luto pela morte de Cristo.<br />

“Neste dia, em que «Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado», a Igreja, meditando a<br />

Paixão do seu Senhor e Esposo e adorando a Cruz, comemora o seu nascimento do lado<br />

de Cristo que repousa na Cruz, e intercede pela salvação do mundo inteiro” (Carta circular<br />

n. 58: EDREL 3168). Este é o dia da contemplação do amor de Deus pela humanidade e do extremo<br />

a que esse mesmo amor levou Jesus Cristo. A morte de Cristo celebra-se sempre na perspectiva da<br />

ressurreição: é a morte do Ressuscitado que celebramos, motivo pelo qual falar de luto é<br />

inadequado.<br />

“Recomenda-se a celebração comunitária do Ofício de leitura e das Laudes<br />

matutinas na Sexta-feira da Paixão do Senhor” (Carta circular n. 40: EDREL 3150). Depois,<br />

pelas 3 horas da tarde ou a outra hora conveniente, faz-se a solene celebração da paixão do Senhor.<br />

A entrada faz-se em silêncio. Não há cântico de entrada nem qualquer outra palavra antes<br />

da oração colecta: “O sacerdote e os ministros dirigem-se para o altar em silêncio, sem<br />

canto. No caso de haver alguma palavra de introdução, deve ser dita antes da entrada<br />

<strong>dos</strong> ministros. O sacerdote e os ministros, feita a devida reverência ao altar, prostram-se;<br />

esta prostração, que é um rito próprio deste dia, conserve-se diligentemente” (Carta<br />

circular n. 65: EDREL 3175). No entanto, em vez da prostração, pode optar-se pela oração de<br />

joelhos, se parecer mais conveniente. Quanto à comunidade, permanece de pé durante a procissão<br />

de entrada e ajoelha-se em oração quando o sacerdote se prostra ou ajoelha (cf. Carta circular n. 65:<br />

EDREL 3175).<br />

Segue-se a liturgia da Palavra, centrada na leitura da Paixão e morte de Jesus, segundo S.<br />

João. Este é o elemento central e fundamental da celebração de sexta-feira santa: a proclamação da<br />

Palavra de Deus. “A acção litúrgica da Sexta-Feira da Paixão do Senhor atinge o seu ponto<br />

culminante no relato, segundo São João, da Paixão d’Aquele que, como o Servo do<br />

Senhor anunciado no livro de Isaías [1ª leitura], Se tornou realmente o único sacerdote,<br />

oferecendo-Se a Si mesmo ao Pai” (OLM 99).<br />

A Oração Universal é o último momento da Liturgia da Palavra propriamente dita. Trata-se<br />

da forma mais antiga da oração <strong>dos</strong> fiéis na liturgia romana, mas só se conservou neste dia (trata-se<br />

da lei 9 da evolução das liturgias, segundo A. Baumstark: as celebrações mais solenes tendem a<br />

conservar os elementos mais antigos). Esta oração faz-se do seguinte modo: “o diácono, se está<br />

presente, ou, na falta dele, um ministro leigo, do ambão diz a exortação com que é<br />

indicada a intenção da oração. Em seguida, to<strong>dos</strong> oram em silêncio durante uns<br />

momentos. Finalmente, o sacerdote, da sua sede, ou, conforme as circunstâncias, do<br />

altar, diz, de braços abertos, a oração” (Missal).<br />

Segue-se a veneração da Cruz, que surge como resposta plástica e gestual de toda a<br />

assembleia à proclamação da Paixão. Esse gesto não é de adoração de um símbolo de morte, mas<br />

adoração de Cristo, vencedor da morte. Neste ponto, a reforma litúrgica introduziu uma mudança:<br />

onde antes havia um único modo de apresentação da cruz, descobrindo-a progressivamente, agora<br />

figura uma alternativa: fazer a apresentação da cruz já descoberta, partindo do fundo da igreja para<br />

o presbitério. “Apresente-se a Cruz à adoração <strong>dos</strong> fiéis um por um, porque a adoração<br />

pessoal da Cruz é um elemento muito importante nesta celebração e só devido a grande<br />

afluência do povo se deve usar o rito da adoração feita simultaneamente por to<strong>dos</strong>. A<br />

Cruz exposta à adoração deve ser uma só, tal como o requer a verdade do sinal” (Carta<br />

circular n. 69: EDREL 3179). Durante a adoração, cantam-se os impropérios, hinos ou outros<br />

cantos apropria<strong>dos</strong>. Estes cantos surgiram, na liturgia romana, a partir do século VIII e<br />

conservaram-se até à actualidade.<br />

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