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3. Ciclo Pascal 3.1. Evolução dos quatro primeiros séculos

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Pentecostes era então uma das <strong>quatro</strong> vigílias jejuadas do ano!), coisa impensável para os cristãos<br />

do século III dentro do Tempo pascal.<br />

2.ª – Cada uma destas solenidades recebeu a sua oitava, porque se tinha perdido a noção de<br />

que todo o Tempo pascal era uma oitava, a grande oitava da solenidade pascal. Além disso, a oitava<br />

do Pentecostes prolongava o Tempo pascal por mais sete dias além <strong>dos</strong> 50, até à solenidade da S.ma<br />

Trindade. Tínhamos então um Tempo pascal, um «Pentecostes», de 57 dias, contra toda a tradição<br />

anterior e em contradição com o próprio nome de Pentecostes, Cinquentena. Acontecia até que o<br />

jejum das têmporas do verão, que caía sempre na semana a seguir ao Domingo de Pentecostes,<br />

vinha ainda dentro do Tempo pascal! Este jejum era, na origem, o jejum normal das quartas e<br />

sextas-feiras, que os cristãos sempre praticaram desde as origens, excepto precisamente no Tempo<br />

da Páscoa.<br />

<strong>3.</strong>ª – Todo o Tempo <strong>Pascal</strong>, desde que se perdeu a consciência de que ele era a celebração<br />

prolongada da Páscoa, passou a considerar-se «Tempo depois da Páscoa», e assim os Domingos do<br />

Tempo <strong>Pascal</strong> chamavam-se «Domingos depois da Páscoa», até que, a partir de 1970, se voltaram a<br />

chamar «Domingo II, III, IV, etc. da Páscoa».<br />

4.ª – Os três dias imediatamente anteriores à solenidade da Ascensão tornaram-se, desde o<br />

século V, primeiro na Gália, depois em toda a Igreja, dias de Rogações, dias de oração penitencial,<br />

de novo em contradição com o espírito deste Tempo. Acrescia ainda que estas Rogações tinham em<br />

vista, ao menos na origem, as culturas agrícolas, situação que só se verificava no nosso hemisfério<br />

norte, onde o Tempo <strong>Pascal</strong> coincide com a primavera. Por isso, o novo Calendário prevê que as<br />

Rogações sejam adaptadas, na forma e no tempo, às diversas regiões do globo. Em Portugal ficaram<br />

reduzidas a um só dia, mas na quinta-feira da sexta semana, o dia da Ascensão no nosso Calendário<br />

anterior.<br />

5.ª – Em consequência de toda esta perturbação, como causa e, ao mesmo tempo, efeito<br />

dessa situação, o povo cristão quase não dava pelo Tempo <strong>Pascal</strong>. Por isso, ocupou-o com outras<br />

devoções, boas sem dúvida, mas desarticuladas da estrutura e do espírito da Cinquentena pascal, tão<br />

querida das primeiras gerações da Igreja, e tempo em si mesmo tão denso e tão bem definido, como<br />

aconteceu com as devoções <strong>dos</strong> meses de Maio e Junho, quando o tempo litúrgico nunca conheceu<br />

a estrutura <strong>dos</strong> meses.<br />

6.ª – Também em consequência desta perda de visão do que é o Tempo <strong>Pascal</strong>, o tempo de<br />

preparação para a Páscoa, que é a Quaresma, embora com todas as suas deficiências, viu voltar-se<br />

para ele a atenção <strong>dos</strong> cristãos, mais facilmente sensíveis ao seu triste mundo de pecado do que ao<br />

dom misericordioso da novidade pascal, que Deus gratuitamente lhes oferece em Jesus Cristo e no<br />

seu Espírito. Nós somos, de facto, mais facilmente religiosos do que Cristãos!<br />

VII. – A RESTAURAÇÃO DO TEMPO PASCAL<br />

[Em relação ao Tempo <strong>Pascal</strong>] Mais do que uma reforma, o que se fez foi uma verdadeira<br />

restauração, acompanhada até de certos enriquecimentos. De facto, bastava aliviar o Tempo <strong>Pascal</strong><br />

das sobrecargas que, ao longo <strong>dos</strong> <strong>séculos</strong>, ele tinha indevidamente recebido, para reencontrar a sua<br />

estrutura límpida, clara, e o espírito que presidiu à sua organização, que aliás as próprias narrações<br />

bíblicas sugeriram; depois enriquecê-lo talvez com alguns novos elementos. Foi o que, de facto, se<br />

fez.<br />

Agora, basta acolher o mistério deste Tempo como a celebração litúrgica no-lo apresenta, e<br />

deixar-se conduzir pelo seu espírito. São estes os principais pontos daquela restauração:<br />

a) O Tempo <strong>Pascal</strong> voltou a ser, como o Pentecostes primitivo, tempo uno: é a festa única da<br />

Páscoa que se prolonga por cinquenta dias. Neste sentido, é elucidativa a rubrica que o Missal<br />

Romano apresenta, aliás como texto único para esse dia, na página, quase em branco, do Sábado<br />

Santo: «No Sábado Santo, a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando na sua<br />

Paixão e Morte, e abstendo-se do sacrifício da Missa, até ao momento em que, depois da solene<br />

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