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3. Ciclo Pascal 3.1. Evolução dos quatro primeiros séculos

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Vigília ou expectação nocturna da ressurreição, se dê lugar à alegria pascal, cuja riqueza se<br />

prolongará por cinquenta dias». O Tempo <strong>Pascal</strong> nasce, pois, da Vigília pascal, continua a alegria da<br />

Ressurreição e prolonga-se por cinquenta dias; e não mais por cinquenta e sete. Volta a ter sete<br />

semanas e mais um oitavo Domingo, e não já oito semanas, como anteriormente acontecia. A<br />

Ressurreição nascida da Cruz do Senhor e a alegria que daí resulta é precisamente o tema da grande<br />

expectação da Vigília de que fala a rubrica do Sábado Santo, e é ela que vai encher toda a<br />

cinquentena pascal.<br />

b) A solenidade do oitavo Domingo, o do Pentecostes, deixou de ser precedida de uma<br />

vigília, e, para mais, jejuada, como anteriormente, o que fazia desse dia uma outra solenidade. O<br />

Domingo de Pentecostes é, de novo, o encerramento das solenidades pascais e, de algum modo, o<br />

seu vértice, para o qual toda a cinquentena se encaminhou. Com a vigília, foi suprimido o jejum<br />

desse dia, coisa aberrante no «laetissimum spatium» do Tempo <strong>Pascal</strong>. Por lógica semelhante, foi<br />

suprimida a oitava do Domingo de Pentecostes, que, na realidade, era como que a oitava de uma<br />

oitava. Em consequência, o Tempo <strong>Pascal</strong> já não se prolonga até à solenidade da Santíssima<br />

Trindade, e o jejum das Têmporas poderá reaparecer sem brigar com o Tempo <strong>Pascal</strong>. Em qualquer<br />

caso, com o Domingo de Pentecostes termina o Tempo <strong>Pascal</strong>, e podemos agora regressar, depois<br />

deste quase êxtase celeste que foi o Tempo da Páscoa, ao simples, humilde, mas tão simpático,<br />

porque tão parecido com a nossa vida de cada dia, Tempo Comum.<br />

c) A solenidade da Ascensão foi também, de novo, integrada, demonstrando claramente que<br />

fazia parte do «Pentecostes» pascal; voltou, por isso, a não ter nem vigília nem oitava, com que<br />

tinha sido deformada alguns <strong>séculos</strong> atrás.<br />

d) Suprimindo-se a oitava do Domingo de Pentecostes, os dias feriais entre a Ascensão e o<br />

Pentecostes foram, em contrapartida, valoriza<strong>dos</strong>, e adquiriram especial importância: «foram<br />

enriqueci<strong>dos</strong> com formulários próprios, nos quais se trazem à memória as promessas de Cristo a<br />

respeito da vinda do Espírito Santo» 21 .<br />

e) A primeira semana continua a ser considerada como oitava da Páscoa, semana<br />

tradicionalmente destinada à catequese mistagógica para os neófitos da Vigília pascal. Conserva, no<br />

Missal, os textos anteriores sobre as aparições do Senhor ressuscitado e as primeiras pregações <strong>dos</strong><br />

Apóstolos sobre o mistério da Páscoa de Jesus.<br />

VIII. – O ESPÍRITO DO TEMPO PASCAL<br />

1. O tempo do Espírito<br />

De tudo o que pudemos observar, quer quanto às origens, quer quanto à evolução do Tempo<br />

<strong>Pascal</strong>, poderíamos concluir que ele é o Tempo do Espírito. Do Espírito são to<strong>dos</strong> os tempos [...]<br />

Mas é sobretudo desde que o Senhor foi glorificado que o Espírito de Deus encheu a terra inteira.<br />

Os grilhões da morte, que a ressurreição quebrou, soltaram também o vento do Espírito. É Ele que<br />

traz a este mundo, que o homem semeou e continua a semear de pecado, o sopro vital de Deus,<br />

fonte de vida nova, a vida do Senhor glorificado e glorificador.<br />

2. O tempo da Igreja<br />

Logo na própria Vigília pascal a Igreja celebra os sacramentos da iniciação cristã. Ela sabe<br />

que nasceu do lado do Senhor adormecido na Cruz, donde jorraram os símbolos sacramentais do<br />

Sangue e da Água, e que fez a sua grande epifania no mundo, quando o Espírito desceu e, de to<strong>dos</strong><br />

os povos, fez um só povo, o povo <strong>dos</strong> remi<strong>dos</strong> pelo Sangue de Cristo.<br />

O Tempo <strong>Pascal</strong> foi sempre, e devia voltar a sê-lo, o tempo da redescoberta <strong>dos</strong> sacramentos<br />

da Igreja, particularmente <strong>dos</strong> sacramentos da iniciação cristã, Baptismo, Confirmação e Eucaristia,<br />

também eles entendi<strong>dos</strong> na unidade da mesma acção do Espírito. Por eles, ao longo das idades, o<br />

Espírito de Deus vai tornando presente aos homens o Mistério <strong>Pascal</strong> do Senhor Jesus. Por isso, ele<br />

21 Cal. Rom., Commentarius, 1, 2, A) 3).<br />

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