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3. Ciclo Pascal 3.1. Evolução dos quatro primeiros séculos

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) nos Actos de Paulo, obra apócrifa do fim do século II, atribuída a um escritor da Ásia;<br />

c) em Tertuliano, escritor cristão do norte de África († c. 220);<br />

d) em S. Hipólito de Roma, na sua célebre Tradição Apostólica, de cerca do ano 215;<br />

e) em Orígenes, presbítero da Igreja de Alexandria do Egipto († 254).<br />

Escutemos, a título de exemplo, um testemunho de Tertuliano:<br />

«Nós, por nosso lado, segundo a tradição que recebemos, devemos abster-nos disto (o rezar<br />

de joelhos) somente no dia da Ressurreição do Senhor;... igualmente durante o tempo do<br />

Pentecostes, cuja celebração goza do mesmo carácter de alegria» 13 .<br />

[...]<br />

E ainda outra passagem que nos dá mais claramente o conteúdo destes dias pascais:<br />

«O Pentecostes vem em segundo lugar (depois da Páscoa), como o tempo mais feliz<br />

(laetissimum spatium) para conferir o banho sagrado (do Baptismo). É o tempo em que o<br />

Senhor ressuscitado vem frequentemente ao meio <strong>dos</strong> discípulos, o tempo em que foi<br />

comunicada a graça do Espírito Santo e que faz entrever a esperança da vinda do Senhor. Foi<br />

então, depois de ter subido aos céus, que os Anjos disseram aos Apóstolos que Ele havia de<br />

vir como tinha subido aos céus, precisamente no Pentecostes» 14 .<br />

A partir destes testemunhos de Tertuliano, a que seria fácil juntar muitos outros, podemos já<br />

tirar algumas conclusões, que nos podem até dar luz para compreendermos o que a seguir se dirá:<br />

1.ª – Existe desde os fins do século II um tempo de 50 dias, especialmente festivo, a partir da<br />

solenidade da Páscoa;<br />

2.ª – Nele se prolonga a celebração do Mistério <strong>Pascal</strong>;<br />

<strong>3.</strong>ª – Os temas que mais tarde serão objecto de solenidades mais ou menos autónomas, como<br />

sejam a Ressurreição do Senhor, a Ascensão aos céus, a vinda do Espírito Santo, a expectativa da<br />

vinda gloriosa, são ainda celebra<strong>dos</strong>, nesta época, na unidade não diversificada, que dá a todo este<br />

tempo um sentido único;<br />

4.ª – É característica deste tempo a alegria espiritual (laetissimum spatium) e a ausência <strong>dos</strong><br />

tradicionais sinais de penitência, em particular, o rezar de joelhos e o jejum;<br />

5.ª – Por fim, todo este tempo é designado, no princípio, pelo nome de Pentecostes, palavra<br />

que não designa um só dia de festa, mas um tempo festivo.<br />

III. – O «GRANDE DOMINGO»<br />

É de S. Atanásio († 373) a definição do Pentecostes – Tempo pascal como o «Grande<br />

Domingo», expressão que o Calendário, agora renovado depois do Concílio, voltou a utilizar. Isto<br />

significa que o sentido último do tempo pascal deve ir procurar-se ao próprio sentido do Domingo.<br />

1. O «oitavo dia»<br />

[...] A fé cristã assenta precisamente no facto de Jesus, pela sua imolação na Cruz, ter<br />

passado deste mundo para o Pai, agora exaltado com o nome divino de «Senhor». É este o Mistério<br />

<strong>Pascal</strong>, o mistério da passagem do homem para a glória da imortalidade, que é a do Senhor<br />

ressuscitado. No primeiro dia de cada semana, no «Dia do Senhor», os cristãos celebram, «até que<br />

Ele venha», este mistério da passagem da morte à vida gloriosa. Assim dão graças a Deus pelo dom<br />

inefável da salvação e vão alimentando a sua fé e a sua esperança.<br />

Na realidade, o Domingo cristão nada tem a ver com o Sábado judaico. Ele não se define já<br />

pelo descanso depois do trabalho que fatigou, mas como o dia que está para além da fadiga, para<br />

além do trabalho, para além da morte, o dia que ultrapassa o tempo e introduz na vida eterna, na<br />

13 TERTULIANO, De or. 23, 2, in CABIÉ, op. cit., p. 39.<br />

14 Idem, De Bapt. 19, 2, ib. p. 40.<br />

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