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3. Ciclo Pascal 3.1. Evolução dos quatro primeiros séculos

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Os Evangelhos contam-nos que na última tarde, antes da paixão e morte, Jesus reuniu-se<br />

com os seus discípulos para uma refeição festiva e de despedida: a última ceia. Foi o próprio Jesus<br />

que deu as indicações sobre a preparação do lugar da ceia. Os relatos da paixão e morte têm aí o seu<br />

início. É logo a antífona de entrada que nos chama a atenção para o facto de não se tratar de uma<br />

representação teatral sagrada, pois em cada celebração, embora a atenção se centre num aspecto, é<br />

todo o mistério pascal que é celebrado: “Toda a nossa glória está na cruz de Nosso Senhor<br />

Jesus Cristo. N’Ele está a nossa salvação, vida e ressurreição. Por Ele fomos salvos e<br />

livres” (Missal).<br />

A celebração tem carácter festivo. A Quaresma termina quando se inicia esta celebração. Por<br />

isso, se canta o hino de Glória e tocam campaínhas e sinos. Não se canta ainda o Aleluia porque<br />

este é o canto por excelência da ressurreição e se quer reservar para a Vigília <strong>Pascal</strong>.<br />

A Missa vespertina da Ceia do Senhor não é nem mais nem menos que uma eucaristia<br />

celebrada com toda a dignidade e autenticidade, por se celebrar na noite em que Jesus instituiu a<br />

Eucaristia, foi entregue e preso. Contudo, deve ter-se sempre presente que a Eucaristia central, para<br />

a qual esta se orienta, é a da Vigília. A importância desta celebração da eucaristia é a sua ligação<br />

íntima com o mistério da entrega de Jesus, consumado em sexta-feira santa: esta celebração da<br />

quinta-feira santa comemora e antecipa no sacramento eucarístico o gesto de entrega cruento e<br />

dramático da Sexta-feira Santa.<br />

“«Nesta Missa [...] a Igreja [...] propõe-se comemorar aquela última Ceia na qual o<br />

Senhor Jesus na noite em que ia ser entregue, tendo amado até ao fim os seus<br />

que estavam no mundo, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as<br />

espécies do pão e do vinho, os entregou aos Apóstolos para que os tomassem, e<br />

lhes mandou, a eles e aos seus sucessores no sacerdócio, que os oferecessem<br />

também». Toda a atenção da alma deve estar orientada para os mistérios, que<br />

sobretudo nesta Missa são recorda<strong>dos</strong>, a saber, a instituição da Eucaristia, a<br />

instituição da Ordem sacerdotal e o mandamento do Senhor sobre a caridade<br />

fraterna: tudo isto seja explicado na homilia.” (Carta circular n. 44-45: EDREL 3154-<br />

3155)<br />

Ora, são estes temas que aparecem quer nas leituras, quer nas orações da missa vespertina da ceia<br />

do Senhor. Os textos bíblicos e das orações realçam que Cristo, com a instituição da Eucaristia, nos<br />

faz participar na sua Páscoa, na sua Paixão, morte e ressurreição; sublinham a instituição do<br />

sacerdócio, sem o qual não há Eucaristia; e sublinham ainda o nexo existente entre a celebração da<br />

Eucaristia e a caridade fraterna.<br />

[Liturgia da Palavra]. Assim, a primeira e a segunda leitura centram a nossa atenção no<br />

mistério eucarístico. Aliás, a segunda leitura transmite-nos o mais antigo relato da instituição da<br />

Eucaristia. Já o texto do Evangelho apresenta o episódio do Lava-pés. São João é o único<br />

evangelista que não nos transmite o relato da instituição da eucaristia. Ao falar da última ceia, no<br />

lugar onde os outros evangelistas contam a instituição da eucaristia, São João apresenta este<br />

episódio. O gesto de Jesus, que lava os pés ao discípulos, é um gesto que sublinha a entrega de<br />

Jesus, consumada em sexta-feira santa: o pão e o vinho, que expressam a entrega amorosa de Jesus,<br />

completam-se com este gesto de serviço humilde e de entrega aos seus. “Ao substituir a instituição<br />

eucarística pelo lava-pés, João quer manifestar que o dom de Si feito por Jesus para nos unir a Si,<br />

tanto é simbolizado pelo gesto do lava-pés como pelo dom do pão e do cálice. Um e outro apontam<br />

para a comunhão com Jesus nosso Salvador” 7 . O mandato “Fazei isto em memória de Mim” não<br />

pode ser separado do “dei-vos o exemplo, para que, assim como eu fiz, vós façais também”. “Ao<br />

discípulo de Jesus são pedidas duas formas de memória: «Fazei isto em minha memória», isto é,<br />

uma memória que se traduz na acção celebrativa, e «fazei como eu fiz», que se traduz num<br />

7 X. LEON-DUFOUR, La fracción del pan. Culto y existencia en el Nuevo Testamento, Cristiandad, Madrid 1983, 35<strong>3.</strong><br />

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