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3. Ciclo Pascal 3.1. Evolução dos quatro primeiros séculos

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<strong>3.</strong> Um «único dia de festa»<br />

Por mais que os <strong>séculos</strong> posteriores tenham como que esboroado a unidade do Tempo<br />

pascal, essa unidade esteve sempre subjacente à celebração de to<strong>dos</strong> os 50 dias, e continua a estar,<br />

mas sobretudo agora que o Calendário reformado depois do Concílio assim apresenta o Tempo<br />

pascal: «Os 50 dias que vão do Domingo da Ressurreição até ao Domingo de Pentecostes celebramse,<br />

na alegria e na exultação, como um único dia de festa; mais, como um «grande Domingo» 19 . O<br />

Calendário assumiu, de novo, a expressão «Grande Domingo» de S. Atanásio numa das suas Cartas<br />

Festais, espécie de Cartas Pastorais enviadas to<strong>dos</strong> os anos pelos patriarcas de Alexandria às Igrejas<br />

do Egipto para anunciar as festas pascais, e que terminavam sempre com a indicação da data da<br />

Páscoa e das solenidades que dela dependiam. Na primeira dessas Cartas, do ano 329, escrevia S.<br />

Atanásio: «Como este tempo (o Tempo pascal) é para nós o símbolo do mundo que há-de vir,<br />

celebrá-lo-emos como um grande Domingo» 20 .<br />

Os 50 dias do Tempo pascal são «um grande Domingo», «um único dia de festa», porque<br />

eles celebram o mesmo e único Mistério <strong>Pascal</strong> de Jesus Cristo, que foi crucificado, mas é agora O<br />

ressuscitado, elevado à direita de Deus, recebendo do Pai o Espírito Santo e derramando-O sobre os<br />

seus, «como vedes e ouvis», dizia S. Pedro aos seus ouvintes no dia de Pentecostes (cf. Act. 2, 33).<br />

IV. – A «MARCA» DO ESPÍRITO NA PÁSCOA DE JESUS<br />

Em visão cristã da história, toda ela é manifestação da presença e da acção do Espírito de<br />

Deus. Essa presença e essa acção tornou-se mais palpável em Jesus Cristo, que «foi concebido pelo<br />

Espírito Santo» (Simb.), «sobre quem o Espírito desceu e permaneceu (cf. Jo 1, 32), que foi<br />

conduzido pelo Espírito ao deserto para aí triunfar do Espírito do mal (cf. Mt 4, 1), que pelo Espírito<br />

Se ofereceu a Si mesmo a Deus para obter para os homens uma redenção eterna (cf. Hebr 9, 14),<br />

que, elevado à direita de Deus, d’Ele recebeu o Espírito e O derramou sobre os Apóstolos desde o<br />

próprio dia da Ressurreição (cf. Jo 20, 22) e, por eles, sobre to<strong>dos</strong> aqueles que, do meio de todas as<br />

nações, seriam chama<strong>dos</strong> a formar a sua Igreja (Act 2, 9 ss.).<br />

O dom do Espírito Santo é a «marca» divina na obra da redenção realizada por Jesus Cristo<br />

no seu Mistério <strong>Pascal</strong>, é o selo indestrutível desta nova Aliança, que será eterna, selada por Deus<br />

com os homens em Jesus Cristo, pelo seu Sangue derramado na Cruz. Por isso, a vinda do Espírito<br />

Santo sobre os discípulos de Jesus é parte integrante do seu Mistério <strong>Pascal</strong>. Se a acção do Espírito<br />

de Deus acompanha toda a história da salvação desde o início – «No princípio, quando Deus criou o<br />

céu e a terra,... o Espírito de Deus pairava sobre as águas» (Gén 1, 1-2), era Ele quem falava pelos<br />

profetas e que estava prometido para os tempos messiânicos, – essa acção manifestou-se em<br />

plenitude quando o Senhor foi exaltado na glória da Ressurreição. Antes dessa «sua hora», não se<br />

revelara nunca tão poderosa a presença e a acção do Espírito como se revelou depois da<br />

Ressurreição, pois «o Espírito ainda não viera, porque Jesus não tinha sido ainda glorificado» (Jo 8,<br />

37-39).<br />

Mas, logo que o Senhor foi glorificado, «na tarde desse dia, o primeiro da semana, estando<br />

fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam reuni<strong>dos</strong>, com medo <strong>dos</strong> judeus, veio<br />

Jesus, pôs-Se no meio deles e disse-lhes:... ‘Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes<br />

os peca<strong>dos</strong>, ser-lhes-ão perdoa<strong>dos</strong>; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão reti<strong>dos</strong>’» (Jo 20, 19-<br />

23). Esta descida do Espírito sobre os discípulos, procedendo da boca de Jesus e no próprio dia da<br />

Ressurreição, mostra a ligação íntima e a continuidade necessária entre a Ressurreição do Senhor e<br />

a vinda do Espírito Santo. De facto, a descida do Espírito Santo é o selo divino, posto sobre a<br />

Páscoa de Jesus, a realização perfeita da obra da redenção. Por isso, a evocação da epifania do<br />

Espírito Paráclito, que os Actos <strong>dos</strong> Apóstolos colocam no quinquagésimo dia depois da<br />

Ressurreição, tornou-se, muito naturalmente, o objecto principal do último dia do Tempo pascal, no<br />

19 Cal. Rom. 22.<br />

20 S. ATANÁSIO, Ep. fest. I.<br />

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