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3. Ciclo Pascal 3.1. Evolução dos quatro primeiros séculos

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celebrações eucarísticas, por causa do jejum, agravou a situação. Mais tarde, já no período<br />

moderno, Urbano VIII suprimiu a Vigília do número das festas de preceito, manifestando a<br />

completa perda da consciência da importância e especificidade desta celebração. Não admira, pois,<br />

a dificuldade sentida hoje em revalorizar a Vigília: pesam sobre nós <strong>séculos</strong> de uma prática<br />

diferente, na qual a Vigília não tinha, efectivamente, importância. Foi o Papa Pio XII que, em 1951,<br />

restituiu a Vigília pascal ao seu lugar primitivo: a noite de sábado para domingo.<br />

A hora: «Toda a celebração da Vigília pascal se faz de noite, mas de maneira a não<br />

começar antes do início da noite e a terminar antes da aurora do domingo». Esta regra<br />

deve ser interpretada estritamente. Qualquer abuso ou costume contrário, que vai<br />

surgindo por aqui e ali, de celebrar a Vigília pascal nas horas para as quais é costume<br />

antecipar as Missas dominicais, deve ser reprovado. (Carta circular 78: EDREL 3188)<br />

1. Liturgia da luz<br />

A Vigília inicia-se com a bênção do fogo, no qual se acende o Círio <strong>Pascal</strong>, símbolo de<br />

Cristo ressuscitado. O Círio é solenemente apresentado e é ele que guia e ilumina a entrada da<br />

comunidade na igreja. Segue-se o Precónio <strong>Pascal</strong>.<br />

Como se referiu, este momento não pertence ao núcleo mais antigo da Vigília. Acender o<br />

fogo junto à entrada das igrejas era a única forma de iluminar o espaço sagrado: os fiéis levavam<br />

archotes que acendiam nesse fogo e que iluminavam a igreja nas vigílias. Porém, só tardiamente,<br />

nos século VIII e IX surgem as orações de bênção do fogo, o que mostra que se começou a fazer<br />

uma interpretação simbólica daquele facto prático. Já o uso do Círio pascal como elemento<br />

celebrativo é bem mais antigo. A Tradição Apostólica já testemunha a existência deste rito do<br />

lucernário, mas não necessarimente ligado à Vigília pascal (ainda hoje, a Liturgia Ambrosiana<br />

mantem a prática do Lucernário nas vésperas I das solenidades e <strong>dos</strong> Domingos). Já quanto ao canto<br />

que se segue, o Precónio <strong>Pascal</strong>, exige uma exposição mais detalhada. Antes de mais, as<br />

designações:<br />

− Exsultet : (Alegre-se, exulte) é a primeira palavra do Precónio <strong>Pascal</strong> (Exsultet iam angelica<br />

turba caelorum - «alegre-se a multidão celeste <strong>dos</strong> anjos»)<br />

− Também se chama «Precónio <strong>Pascal</strong>». Do latim, præ-conium (anúncio solene ou pregão) de<br />

um acontecimento importante, proclamado diante da comunidade. Um pregão pode ser<br />

notificação oficial de parte da autoridade, ou inauguração solene de umas festas populares.<br />

Na Liturgia, diz-se sobretudo do anúncio gozoso que, na Vigília <strong>Pascal</strong>, faz o diácono, no<br />

começo da celebração, proclamando os louvores da noite enternecedora que a comunidade<br />

começa a celebrar, e na qual se anunciará, a seu tempo (no Evangelho), a grande notícia da<br />

Ressurreição do Senhor.<br />

− Benedictio cerei (bênção do Círio).<br />

− Laus cerei (louvor do Círio)<br />

De autor desconhecido, deve ser da primeira metade do século IV, porque já é citado por<br />

Santo Ambrósio, São Jerónimo e por Santo Agostinho. É um hino de louvor à noite, a Cristo, ao<br />

Círio. É como um lucernário gozoso ou um Prefácio solene da grande Festa <strong>Pascal</strong>, cheio de<br />

lirismo, convidando à alegria e ao louvor, pelo que esta noite significa para a comunidade cristã. É a<br />

noite em que Deus tirou os Israelitas da escravidão do Egipto. E, sobretudo, a noite do êxodo e<br />

libertação verdadeiros, realiza<strong>dos</strong> por Cristo para to<strong>dos</strong> nós. Noite ditosa, iluminada pela Luz que é<br />

Cristo. O Círio é o símbolo simples e expressivo da festa pascal, em que to<strong>dos</strong> participam da<br />

libertação salvadora da Páscoa. O Precónio canta-se solenemente, na sua versão mais longa ou na<br />

abreviada, do ambão – reservado, normalmente, para a Palavra revelada de Deus – depois de ter<br />

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