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3. Ciclo Pascal 3.1. Evolução dos quatro primeiros séculos

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) ainda no Êxodo (34, 22), é chamada «festa das semanas», por ser celebrada sete semanas,<br />

ou uma semana de semanas, depois da Páscoa, «no tempo das primícias da colheita do trigo»;<br />

c) no Deuteronómio (16, 9-12) é, de novo, dita «festa das semanas», «sete semanas a partir<br />

do momento em que começares a meter a foice nas searas», ou seja, a partir da festa da Páscoa, em<br />

que se começava a ceifa da cevada, ceifa esta relacionada com a festa <strong>dos</strong> Ázimos, também ela uma<br />

festa de primícias;<br />

d) no Levítico (23, 15-22), fala-se igualmente na festa do quinquagésimo dia como festa de<br />

primícias, acompanhada de sacrifícios vários.<br />

Para os cita<strong>dos</strong> livros do Pentateuco bíblico, a festa das semanas, no quinquagésimo dia após<br />

a Páscoa, é uma festa de primícias da colheita do trigo. [...]<br />

Ao tema da colheita e das primícias, veio juntar-se, na festa do Pentecostes judaico, outra<br />

significação. «No tempo de Cristo, a festa do quinquagésimo dia depois da Páscoa era celebrada, no<br />

judaísmo oficial, como festa da colheita, mas ela tinha tomado já, em certos círculos religiosos, o<br />

sentido de comemoração da teofania do Sinai. O acento era então posto mais sobre a aliança entre<br />

Deus e o seu povo, do que sobre o dom da Lei» 11 .<br />

Alguns destes temas do Pentecostes do Antigo Testamento vieram, por vezes, ao de cima e<br />

foram evoca<strong>dos</strong> na tradição da Igreja, de forma mais ou menos explícita, a propósito do Pentecostes<br />

cristão, sobretudo na pregação <strong>dos</strong> Santos Padres, em particular o tema das primícias, que é<br />

considerado ter sido realizado, de maneira perfeita, na Ascensão do Senhor. [...]<br />

<strong>3.</strong> O Pentecostes cristão<br />

[...] O ambiente festivo, próprio daquele Domingo que nasce na Vigília pascal, o Domingo<br />

da Ressurreição, se vai prolongar pelos Domingos seguintes, e respectivas semanas, até ao oitavo, o<br />

Domingo que hoje chamamos Domingo de Pentecostes. É uma série de oito Domingos, os quais<br />

constituem verdadeira oitava pascal. São os 50 dias (= 7 semanas x 7 dias + o oitavo Domingo), que<br />

formam, desde a origem, uma unidade perfeita, indivisível, que nenhuma outra solenidade pode vir<br />

quebrar. É o «laetissimum spatium», o «tempo da muita alegria», com características litúrgicas e<br />

significação espiritual muito próprias, que os <strong>séculos</strong> seguintes vieram perturbar em parte, mas que<br />

a restauração litúrgica pós-conciliar reconduziu à pureza das suas origens.<br />

O tema da celebração desta Cinquentena é, tal como em cada Domingo, o Mistério pascal,<br />

na sua totalidade e na sua unidade, vivido sacramentalmente pela comunidade cristã, como que em<br />

antegozo da vida celeste, onde Cristo entrou, na glória de Senhor, como primícias da humanidade<br />

nova por Ele remida. [...]<br />

II. – A TRADIÇÃO LITÚRGICA PRIMITIVA<br />

A existência de um espaço de 50 dias, que prolonga a festa do dia da Ressurreição, é referida<br />

logo desde os fins do século II, quase na mesma data em que se fala da celebração da Páscoa anual<br />

na Vigília da noite santa. Quer dizer, o Tempo pascal começou a ser celebrado ao mesmo tempo ou<br />

quase ao mesmo tempo que a Vigília <strong>Pascal</strong>. É por isso o tempo litúrgico mais antigo, e este facto,<br />

só por si, faz pensar como os cristãos entenderam e viveram, logo desde o princípio, o Mistério<br />

<strong>Pascal</strong>. Ele é, na verdade, o fundamento de todo o cristianismo, é ele que constitui o que há de mais<br />

específico na fé cristã, e, por isso, é ele que dá sentido a todas as expressões da vida cristã, quer no<br />

que se crê, como no que se celebra, como no que se vive no dia a dia. É ele o «mistério da fé»,<br />

proclamado em cada celebração da Eucaristia.<br />

Podemos colher vários testemunhos 12 sobre este tempo litúrgico logo a partir do século III:<br />

a) em S. Ireneu, bispo de Lyon, que morreu no ano 202, no princípio do século III;<br />

11 R. CABIÉ, La Pentecôte, Tournai - Paris, 1965, p. 27. Em todo este trabalho nos socorremos desta obra<br />

fundamental.<br />

12 Cf. R. CABIÉ, op. cit., p. 37 ss.<br />

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