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O processo de criação do Curso Normal no Instituto - Faculdade de ...

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para a instalação <strong>do</strong>s cursos; sobreposição <strong>de</strong> disciplinas <strong>no</strong> currículo <strong>do</strong> curso, a não<br />

efetuação <strong>de</strong> um Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Cargos e Salários específico volta<strong>do</strong> para o ensi<strong>no</strong> superior da<br />

FAETEC/SECT-RJ, além da regularização <strong>do</strong> seu corpo <strong>do</strong>cente inicial, que não realizou<br />

concurso público para esse nível <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>. Eram professores da Educação Básica e Ensi<strong>no</strong><br />

Médio, que foram iça<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> função <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior <strong>do</strong> ISERJ.<br />

Novamente, a resposta parecia vir <strong>do</strong> i<strong>de</strong>ário da tradição e da manutenção da or<strong>de</strong>m<br />

construí<strong>do</strong> naquela instituição, em que estu<strong>do</strong>u a mãe <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Sérgio Cabral e<br />

intelectuais como Cecília Meireles, <strong>de</strong>ntre outros. Essa estratégia persuasiva foi sempre<br />

recorrente na história da instituição. VILLANOVA (2008), ao analisar trechos escritos por<br />

<strong>no</strong>rmalistas <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (IE) na década <strong>de</strong> 1940/1950 em uma<br />

publicação realizada pelas alunas, intitulada <strong>Normal</strong>ista ratifica o uso <strong>de</strong> um discurso moral,<br />

em um viés quase religioso. Nessa publicação realizada pelas alunas apareceram trechos<br />

como:<br />

A você coleguinha que, durante os a<strong>no</strong>s anteriores ao seu ingresso nesse<br />

educandário, seguia com os olhos admira<strong>do</strong>s as <strong>no</strong>rmalistas que se cruzavam nas<br />

ruas, achan<strong>do</strong> que ficaria muito bem <strong>de</strong>ntro daquele uniforme (...) Você venceu. (...)<br />

Se <strong>no</strong> final conseguiu usar o <strong>no</strong>sso uniforme com a ―lagartixa‖ <strong>no</strong> pulso foi porque<br />

estu<strong>do</strong>u, mereceu, portanto, a recompensa suprema: tornar-se aluna <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>!<br />

(...)<br />

O magistério é um sacerdócio; é retirar das trevas <strong>do</strong> analfabetismo os homens <strong>de</strong><br />

amanhã, forman<strong>do</strong>-lhes o caráter, influin<strong>do</strong> <strong>no</strong> que eles possam ser mais tar<strong>de</strong>. Ser<br />

professora é sacrificar-se em prol da infância; é ter nas mãos o <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> da Pátria, é<br />

instruir, é educar. (...) Deus, Pátria, Família e escola, sen<strong>do</strong> esta, na real acepção <strong>do</strong><br />

conceito, uma família ampliada. O <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> educação, uma pequena Pátria, há <strong>de</strong><br />

ser, se Deus quiser, uma harmonia instintiva <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>s, uma <strong>de</strong>smedida permuta<br />

<strong>de</strong> abnegações, um teci<strong>do</strong> vivente <strong>de</strong> almas entrelaçadas. (NORMALISTA, 1948,<br />

p.3-10 apud VILLANOVA, 2008, p.67-74)<br />

Todavia, MARTINS (1996), ao <strong>de</strong>screver a instituição, em sua tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>,<br />

intitulada, não por acaso, ―Dos a<strong>no</strong>s <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s aos a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> zinco: análise histórico-cultural<br />

da formação <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r <strong>no</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro‖ [grifo meu] <strong>de</strong>stacou o<br />

seguinte:<br />

Uma sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>salento e aban<strong>do</strong><strong>no</strong> <strong>no</strong>s envolve ao entrar <strong>no</strong> pátio inter<strong>no</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Parecia que um tufão tinha a<strong>de</strong>ntra<strong>do</strong><br />

aquele prédio imponente. Lixo espalha<strong>do</strong> pelo pátio, on<strong>de</strong> se erguia triste, <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>,<br />

sem qualquer filete d‘água, o chafariz. Os beirais que circundavam o pátio inter<strong>no</strong><br />

estavam quebra<strong>do</strong>s e alguns andaimes vazios acopla<strong>do</strong>s às pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong> pátio<br />

pareciam esqueletos que se erguiam para o nada. Nas salas <strong>de</strong> aula, várias carteiras<br />

quebradas e os quadros <strong>de</strong> giz mal conserva<strong>do</strong>s. Era uma imagem <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>ra.<br />

(Diário <strong>de</strong> campo, <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1996 apud MARTINS, 1996, p. 181)<br />

Passa<strong>do</strong>s mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s, a <strong>de</strong>scrição da autora continuou atualizada. Esse contexto<br />

foi o mesmo encontra<strong>do</strong> por mim ao a<strong>de</strong>ntrar <strong>no</strong> ISERJ pela primeira vez em agosto <strong>de</strong> 2005 e<br />

o que vi, quan<strong>do</strong> estive lá pela última vez, coinci<strong>de</strong>ntemente, em 09 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2010. Foi a<br />

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