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O processo de criação do Curso Normal no Instituto - Faculdade de ...

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esferas da socieda<strong>de</strong> política e da socieda<strong>de</strong> civil. (PIOTTE, 1975 apud MOCHCOVITCH,<br />

1990, p.32-33)<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, i<strong>de</strong>ologia (<strong>no</strong> senti<strong>do</strong> marxista) e hegemonia (<strong>no</strong> gramscia<strong>no</strong>) são<br />

categorias importantes <strong>de</strong> análise da realida<strong>de</strong> social, pois permitem perceber o <strong>processo</strong> <strong>de</strong><br />

articulação das classes, em tor<strong>no</strong> <strong>do</strong>s seus projetos e lutas. Revelam as críticas e submissões<br />

<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada classe em relação a outra, assim como suas formas <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong>s,<br />

principalmente pelas práticas sociais instauradas a partir <strong>de</strong> valorações e, consequentemente, o<br />

<strong>processo</strong> <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong>sta classe permite compreen<strong>de</strong>r a história como um campo <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>, espaço on<strong>de</strong> a hegemonia <strong>de</strong> uma classe é construída, mantida ou negada.<br />

Um conceito importante <strong>de</strong> Gramsci é o <strong>de</strong> cultura. Isso porque, esse teórico percebeu<br />

cultura popular como um campo potencialmente rico para a luta social e para a construção <strong>de</strong><br />

uma outra hegemonia. A análise da ―cultura popular‖ (ou seja, daquela própria das classes<br />

subalternas) é um momento essencial <strong>do</strong> pensamento <strong>de</strong>sse teórico. Existe, para GRAMSCI<br />

(v.1, 2001), a convicção <strong>de</strong> que, na fase da disputa <strong>do</strong> movimento operário e, portanto, <strong>de</strong><br />

―guerra <strong>de</strong> posição‖, é necessária uma batalha cultural, que constitua um bloco histórico capaz<br />

<strong>de</strong> obter a hegemonia: o momento <strong>do</strong> consenso indispensável para chegar ao <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio ou<br />

―guerra <strong>de</strong> movimento‖. Nesta perspectiva, tor<strong>no</strong>u-se central o estu<strong>do</strong> não só <strong>do</strong> papel<br />

<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> historicamente pelos grupos intelectuais, mas também da mentalida<strong>de</strong> e da<br />

cultura das classes populares, até então, mantidas distantes <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r e da cultura 17 .<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, para Gramsci, a ―cultura popular‖ é constituída como uma forma<br />

―contraditória e fragmentária; representa uma fase relativamente enrijecida <strong>do</strong>s<br />

conhecimentos populares <strong>de</strong> uma certa época e lugar‖ (GRAMSCI, v. 1, 2001, p. 209);<br />

correspon<strong>de</strong> àquilo que é, em filosofia, o ―senso comum‖, isto é, ―uma concepção (...)<br />

<strong>de</strong>sagregada, incoerente, inconseqüente, conforme a posição social e cultural das multidões<br />

das quais ele é a filosofia‖ (I<strong>de</strong>m, v. 1, 2001, p. 114). A tarefa da ―filosofia da práxis‖, como<br />

―expressão das classes subalternas‖ (I<strong>de</strong>m, v. 1, 2001, p. 388) é, então, a <strong>de</strong> ―educar as<br />

massas‖, libertan<strong>do</strong>-as da sua cultura atrasada e levan<strong>do</strong>-as a uma visão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rna e<br />

universal. O advento <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va cultura (<strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va or<strong>de</strong>m social) implica, portanto, na<br />

transformação <strong>do</strong> ―senso comum‖ em ―bom senso‖, leia-se, uma atitu<strong>de</strong> crítica que forma um<br />

senso comum, não aquele liga<strong>do</strong> à cultura hegemônica, mas a uma produção liberta<strong>do</strong>ra.<br />

Portanto, as duas teses só são aparentemente divergentes: a <strong>de</strong>svalorização da cultura<br />

popular <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ―ao seu atraso‖ (<strong>no</strong> senti<strong>do</strong> da manutenção da tradição), mas também<br />

17 Cf. PETRÔNIO, Giuseppe. Cultura “popular”. (s.d.) Disponível em:<br />

http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=638. Acesso em abril <strong>de</strong> 2009.<br />

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