O processo de criação do Curso Normal no Instituto - Faculdade de ...

políticas educacionais dos anos 90, foram congruentes com as expectativas de escolarização
preconizadas pelos setores dominantes para a maioria da população: uma educação
minimalista, compatível com a condição capitalista dependente.
A manutenção desse padrão de capitalismo e desse modelo de formação docentes se
manteve na ―superestrutura‖ (GRAMSCI, v.3 2007 e MARX1977/1859), pela ampliação dos
anos de estudo para a classe trabalhadora; pela expansão de matrículas em certas modalidades
massificadas, mas minimalistas em termos de conhecimento; e pela diversificação dos cursos
superiores e de suas instituições, como foi o caso dos Institutos Superiores de Educação
(ISEs), objetivando difundir a ideologia da ―empregabilidade‖ da classe trabalhadora, através
da defesa da democratização do ensino superior, por possibilitar o acesso de setores
pauperizados a uma educação terciária (pós-média) [grifo meu].
A institucionalização do ISERJ reproduziu princípios particularistas, opostos aos
princípios que norteiam a esfera pública democrática. Por meio de práticas clientelistas, que
garantiram, por intermédio de conexões com forças políticas no governo estadual e na
ALERJ, o êxito na criação de cursos e a manutenção cotidiana de práticas incompatíveis com
as normas do direito público, realimentando as relações da ―pequena política‖ (GRAMSCI,
v.3, 2007). Todo esse processo assumiu uma suposta legalidade, pois o Estado foi o seu
grande organizador, instituindo leis, decretos, portarias e normas, que convalidaram a
natureza ―privada‖ do projeto de formação, a despeito do caráter estatal do ISERJ. A
superação desse modelo foi inscrita nas lutas empreendidas por servidores públicos que, por
possuírem maior autonomia, em virtude do concurso público, organizaram-se em um coletivo
para elaborar um projeto alternativo de formação docente, referenciado no materialismo
histórico. Todavia, a Pedagogia instaurada no ISERJ desconsiderou esse projeto.
Assim, a nova (velha) Pedagogia e o extinto CNS do ISERJ se tornaram as duas faces
de uma mesma moeda. Essa nova (velha) formação docente, apesar de parecer trazer alguma
mudança histórica, acabou por sublinhar as principais cristalizações da agenda educacional
neoliberal dos anos 1990: uma pedagogia, em conformidade, com a ordem social que requeriu
uma formação minimalista, objetivando difundir disposições de pensamento condizentes com
a hegemonia ―social-liberal‖. No jogo das forças políticas, o velho se dissimulou em um novo.
Arcaico e moderno se retroalimentam, expressando o desenvolvimento desigual característico
do capitalismo dependente.
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