19.04.2013 Views

O processo de criação do Curso Normal no Instituto - Faculdade de ...

O processo de criação do Curso Normal no Instituto - Faculdade de ...

O processo de criação do Curso Normal no Instituto - Faculdade de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O Capitalismo Depen<strong>de</strong>nte<br />

A categoria <strong>de</strong> ―capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte‖ (FERNANDES, 1968; 1975; 1975 a)<br />

<strong>de</strong>senvolvida por Florestan Fernan<strong>de</strong>s expressa a <strong>de</strong>pendência econômica, política e cultural a<br />

que estão submeti<strong>do</strong>s os países lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>s aos países centrais e seus organismos<br />

internacionais (como o FMI, BM, UNESCO, <strong>de</strong>ntre outros) e, ao mesmo tempo, a forma<br />

específica como as frações burguesas locais as operam, na periferia, em conformida<strong>de</strong> com o<br />

imperialismo. Como analisa FERNANDES (1968, p.175),<br />

Na América latina, ao que parece, as burguesias per<strong>de</strong>ram a oportunida<strong>de</strong> histórica<br />

<strong>de</strong> se tornarem agentes da transformação concomitante das formas econômicas,<br />

sociais e políticas inerentes ao capitalismo. Por isso, o avanço nessa direção ten<strong>de</strong> a<br />

fazer-se, ainda em <strong>no</strong>ssos dias, como <strong>processo</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, sob o impacto da<br />

incorporação <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> produção e <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>s às<br />

gran<strong>de</strong>s organizações da eco<strong>no</strong>mia mundial. (...) o <strong>de</strong>senvolvimento encobre, assim,<br />

sua submissão a influências externas, que supõem incontornáveis e imbatíveis.<br />

A categoria ―capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte‖ é então, conceituada por Florestan Fernan<strong>de</strong>s<br />

(1968; 1975,1975 a) como uma forma específica da expansão internacional <strong>do</strong> capital, ou<br />

seja, como expansão <strong>do</strong> capitalismo mo<strong>no</strong>polista que requer ainda maior nível <strong>de</strong><br />

expropriação e <strong>de</strong> exploração. Para a expansão e a exploração <strong>no</strong>s países periféricos, pelos<br />

países centrais, é necessário o protagonismo das frações burguesas locais em conformida<strong>de</strong><br />

com essa relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência. (CARDOSO, 2005; 2008)<br />

Em outras palavras, o ―capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte‖ é entendi<strong>do</strong> como uma ―(...) forma<br />

periférica e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> capitalismo mo<strong>no</strong>polista (o que associa inexorável e<br />

inextricavelmente as formas ‗nacionais‘ e ‗estrangeiras‘ <strong>do</strong> capital financeiro)‖<br />

(FERNANDES, 1985, p.50). O que tem ocorri<strong>do</strong>, então, é uma associação consciente da<br />

burguesia brasileira à internacional, visan<strong>do</strong> a manutenção <strong>de</strong> seus interesses econômicos e<br />

políticos e a limitação da participação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, a fim <strong>de</strong> impedir qualquer<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma ―revolução contra a or<strong>de</strong>m‖, ou mesmo <strong>de</strong> uma<br />

―revolução <strong>de</strong>ntro da or<strong>de</strong>m‖ que ―não seja conduzida e consentida por seu quadros<br />

dirigentes‖ (LIMA, 2006, 21-22).<br />

FERNANDES (1981) explica que a ―revolução contra a or<strong>de</strong>m‖ objetiva a construção<br />

<strong>de</strong> uma revolução para a superação <strong>do</strong> capitalismo e da burguesia, com a finalida<strong>de</strong> da<br />

construção <strong>do</strong> socialismo, como uma das tarefas a serem realizadas pela classe trabalha<strong>do</strong>ra<br />

para a produção <strong>do</strong> comunismo. Já, ―revolução <strong>de</strong>ntro da or<strong>de</strong>m‖ busca i<strong>de</strong>ntificar, na ótica <strong>do</strong><br />

capital, brechas para a realização <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> ações que, apesar <strong>de</strong> ―circunscritas à<br />

reforma <strong>do</strong> capitalismo, [reproduzin<strong>do</strong> e legitiman<strong>do</strong>], em última instância, seu projeto <strong>de</strong><br />

sociabilida<strong>de</strong>‖ (Ibid), possibilitem a ampliação da participação política da classe trabalha<strong>do</strong>ra,<br />

42

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!