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O processo de criação do Curso Normal no Instituto - Faculdade de ...

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ainda que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socida<strong>de</strong> burguesa e a construção <strong>de</strong> condições objetivas e<br />

subjetivas, a fim <strong>de</strong> possiblitar a costrução <strong>de</strong> uma ―revolução contra a or<strong>de</strong>m‖<br />

(FERNANDES 1981).<br />

Portanto, <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong>pendência não po<strong>de</strong>m ser vistos como exclu<strong>de</strong>ntes:<br />

―(...) a solução <strong>de</strong>ntro da or<strong>de</strong>m só [po<strong>de</strong>] vir <strong>de</strong> uma aceleração substancial <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico (...)‖ (FERNANDES, 1968, p. 80), o que não é visto pela<br />

burguesia local como lucrativida<strong>de</strong>. Ao contrário, essa burguesia tem preferi<strong>do</strong> se associar à<br />

internacional, com a finalida<strong>de</strong> da garantia e manutenção <strong>de</strong> seus interesses, assim como tem<br />

controla<strong>do</strong> a participação popular, a fim <strong>do</strong> impedimento da construção <strong>de</strong> uma revolução<br />

contra a sua or<strong>de</strong>m, ou seja, ―fora da or<strong>de</strong>m‖ (FERNANDES, 1975 a; 1981).<br />

Essa subordinação da burguesia local, em relação ao capital estrangeiro não é imposta<br />

pelos ―<strong>de</strong> fora” (FERNANDES, 1975 a), mas encontra-se articulada aos próprios interesses<br />

da burguesia local, interessada na reprodução interna das relações <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação i<strong>de</strong>ológica e<br />

exploração econômica. A periferia reproduz as características estruturais e dinâmicas<br />

essenciais <strong>do</strong> capitalismo central (Ibid). Nas palavras <strong>do</strong> mesmo autor : ―(...) os parceiros<br />

inter<strong>no</strong>s se empenham em garantir as condições <strong>de</strong>sejadas pelos parceiros exter<strong>no</strong>s, pois veem<br />

em seus fins um meio para atingir os seus próprios fins. (...) Essa é a ética e a racionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte‖ (Ibi<strong>de</strong>m, p. 54-55).<br />

Nessa perspectiva, as relações <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação se conjugam em <strong>do</strong>minação externa e<br />

interna. A <strong>do</strong>minação externa é abastecida pela <strong>do</strong>minação interna, a qual é exercida não<br />

somente sobre um setor ou uma fração da burguesia, mas, essencialmente, sobre o trabalho e a<br />

classe <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res. Essa <strong>de</strong>pendência ocorreu através <strong>de</strong> um <strong>processo</strong> lento e heterogêneo<br />

que possui suas origens remotas na <strong>de</strong>sagregação da or<strong>de</strong>m social fundada <strong>no</strong> latifúndio e <strong>no</strong><br />

trabalho escravo brasileiro. (I<strong>de</strong>m, 1975; 1975a)<br />

Com a expansão <strong>do</strong> capitalismo e sua mundialização ocorreu, então, <strong>no</strong>s países<br />

periféricos, o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> calibração <strong>do</strong>s dinamismos da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> classes em função <strong>do</strong>s<br />

requisitos necessários aos padrões <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento capitalista (I<strong>de</strong>m, 1975<br />

a). O que temos vivi<strong>do</strong> é uma ―condição capitalista <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte‖. (LEHER, 2005)<br />

É nesses mol<strong>de</strong>s que a burguesia local assumiu seu protagonismo em “manter o<br />

controle da situação”, visan<strong>do</strong> à ampliação constante <strong>de</strong> seus privilégios econômicos,<br />

socioculturais e políticos, perpetuadas por mecanismos <strong>de</strong> coerção e persuasão, necessários à<br />

(...) exploração cruel da massa <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res e <strong>de</strong> <strong>de</strong>spossuí<strong>do</strong>s, (...) [traduzidas]<br />

em uma or<strong>de</strong>m social competitiva capaz <strong>de</strong> ajustar o <strong>de</strong>senvolvimento capitalista e<br />

formas ultraespoliativas <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação econômica (interna e externa) e <strong>de</strong><br />

exploração <strong>do</strong> trabalho. (Ibid, 1975 a, p.76-77)<br />

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