20.04.2013 Views

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Lucila Nogueira<br />

va, <strong>de</strong>ixando inclusive como testamentária Doris Dana, a última <strong>de</strong>las. Desaparecida<br />

por um câncer no pâncreas em 1957, há 50 anos portanto, a autora<br />

tivera 12 anos <strong>de</strong> vida amena, em sua casa em Santa Bárbara, comprada com o<br />

dinheiro do prêmio que recebera em 1945. Não têm faltado leituras <strong>de</strong> seu<br />

perfil tomando-a como queer ou lésbica, também por não ter se casado, ou tido<br />

algum tórrido romance explícito, como Frida Kahlo, sempre acompanhando-se<br />

<strong>de</strong> mulheres. Isso não impediu, no entanto, <strong>de</strong> atuar todo este tempo a<br />

sua imagem como mãe da América.<br />

Mãe solteira, pensei, após ouvir a voz do erudito editor cearense radicado no<br />

Rio José Mário Pereira ao telefone, dando-me conta, neste 2007, <strong>de</strong> que artigo<br />

publicado pelo escritor chileno Jorge Edwards, em seu último livro <strong>de</strong> ensaios,<br />

confirmava ser o filho adotivo <strong>de</strong> Lucila verda<strong>de</strong>iramente seu filho biológico<br />

com o ex-ministro da Educação do México, poeta José Vasconcelos. Impressionada<br />

com a revelação, tentei encomendar o livro, sem bons resultados, e<br />

repentinamente me surpreendi navegando em busca do artigo na Internet.<br />

Mãe solteira, repeti, ao encontrar o texto “História <strong>de</strong> um romance oculto”,<br />

através do high beam, em que o Jorge Edwards relata o seu encontro no Japão<br />

com a jovem professora Satoko Tamura, discípula <strong>de</strong> Roque Esteban Scarpa,<br />

que havia percorrido os lugares on<strong>de</strong> Lucila vivera e trabalhara e lera tudo o<br />

que existia sobre ela em livros e arquivos.<br />

Após mencionar que a autora chilena não era mulher <strong>de</strong> amores platônicos,<br />

<strong>de</strong> puras fantasias românticas, mas <strong>de</strong> afetos apaixonados e carnais, Satoko<br />

Tamura relata a Jorge Edwards que Lucila fizera uma viagem ao Marrocos e<br />

<strong>de</strong>saparecera por um tempo mais ou menos longo, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> regressara com<br />

uma criança recém-nascida bastante parecida com ela. Tradutora da poeta ao<br />

japonês, Tamura questiona a visão <strong>de</strong> Lucila como lésbica, tal como surge no<br />

filme que estavam rodando no México, no caso, “A Passageira”, <strong>de</strong> Yuri Labarca,<br />

com roteiro <strong>de</strong> Francisco Casas, afirmando que a ela agradavam os homens.<br />

E possivelmente os homens <strong>de</strong>la se agradariam: a história oficial reza<br />

que José Vasconcelos haveria lido um poema seu em 1921, convidando-a, a<br />

partir <strong>de</strong>ste simples fato, em 1922, a ir ao México, on<strong>de</strong> seria recebida como<br />

132

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!