20.04.2013 Views

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A trajetória brasileira <strong>de</strong> Otto Maria Carpeaux<br />

Otto Maria Carpeaux obteve a cidadania brasileira antes do prazo legal,<br />

graças a um memorial ao Presi<strong>de</strong>nte Getúlio Vargas assinado pela nata da nossa<br />

intelectualida<strong>de</strong>. Tudo corria muito bem até que, em seu número <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1943, a Revista do Brasil publicou um artigo <strong>de</strong> Carpeaux sobre “A Morte<br />

<strong>de</strong> Romain Rolland”. O artigo afirmava que o gran<strong>de</strong> escritor francês já havia<br />

morrido para a literatura ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o comunismo soviético. Foi o bastante<br />

para que um grupo <strong>de</strong> esquerdistas comandados por Dalcídio Jurandir iniciasse<br />

uma campanha contra Carpeaux. Essa campanha contou, infelizmente,<br />

com a impetuosa a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> outro gran<strong>de</strong> exilado: o romancista Georges Bernanos,<br />

que acusou seu companheiro <strong>de</strong> exílio <strong>de</strong> haver servido ao nazismo.<br />

Desafiado por Carpeaux a apresentar provas sob pena <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r mais falar<br />

em Liberda<strong>de</strong> com inicial maiúscula, o autor do Diário <strong>de</strong> um Pároco <strong>de</strong> Al<strong>de</strong>ia calou-se<br />

(cf. artigo <strong>de</strong> Carpeaux “Discussão e Terrorismo”, publicado em O Jornal<br />

<strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1944).<br />

Outro pernambucano – Arquime<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Melo Neto – também contribuiu<br />

para a projeção <strong>de</strong> Otto Maria Carpeaux no Brasil, publicando pela Casa do<br />

Estudante do Brasil seus primeiros livros brasileiros: A Cinza do Purgatório<br />

(1942) e Origens e Fins (1943). Lembrem-se também o romancista baiano Herberto<br />

Sales – que publicou pela editora O Cruzeiro os oito volumes da primeira<br />

edição da História da Literatura Oci<strong>de</strong>ntal – e o lexicógrafo maranhense Joaquim<br />

Campelo Marques, principal colaborador <strong>de</strong> Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda<br />

em seu celebrado dicionário. Ainda resi<strong>de</strong>nte no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Joaquim<br />

Campelo Marques publicou por sua editora Alhambra as segundas edições<br />

da História da Literatura Oci<strong>de</strong>ntal (com as inúmeras correções e acréscimos<br />

agora reproduzidos na terceira edição) e <strong>de</strong> Uma Nova História da Música, outra<br />

obra original <strong>de</strong> Carpeaux, que também era apaixonado pela arte <strong>de</strong> Bach, Beethoven,<br />

Mozart e outros geniais compositores.<br />

Na presidência <strong>de</strong> José Sarney todos os discursos e atos tinham <strong>de</strong> ser revisados<br />

por Joaquim Campelo Marques. Depois, como presi<strong>de</strong>nte do Senado,<br />

Sarney <strong>de</strong>signou-o para a coor<strong>de</strong>nação das edições daquela casa do Congresso<br />

Nacional, que vem reeditando obras clássicas da historiografia brasileira já es-<br />

153

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!