20.04.2013 Views

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

REVISTA BRASILEIRA 58-pantone.vp - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Edson Nery da Fonseca<br />

gotadas e agora publica a terceira edição da História da Literatura Oci<strong>de</strong>ntal. Esta é<br />

uma obra que, como diria o antirretórico Gilberto Freyre, “atrai o adjetivo<br />

monumental”, tanto por suas proporções – parece trabalho <strong>de</strong> toda uma equipe<br />

– como pelos mo<strong>de</strong>rnos conceitos <strong>de</strong> exegese literária. Adotando uma periodização<br />

original, Carpeaux não se limitou a indicar autores, títulos e datas, fazendo<br />

uma análise pessoal <strong>de</strong> cada escritor.<br />

Lembre-se ainda ser esta a primeira história da literatura oci<strong>de</strong>ntal na qual<br />

são estudados autores portugueses e brasileiros. O nosso José <strong>de</strong> Alencar, por<br />

exemplo, figura entre os gran<strong>de</strong>s escritores românticos do mundo, como o inglês<br />

Walter Scott, o espanhol José Zorrilla ou o norte-americano James Fenimore<br />

Cooper; o gran<strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis aparece no mesmo capítulo em que<br />

são estudados Balzac, Tackeray e, naturalmente, Swift e Sterne; e os nossos<br />

contemporâneos Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Manuel Ban<strong>de</strong>ira e Carlos Drummond<br />

<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> estão no capítulo <strong>de</strong>dicado às “revoltas mo<strong>de</strong>rnistas”: ao lado,<br />

portanto, <strong>de</strong> autores como Jarry, Marinetti, Apollinaire, Max Jacob, Blaise<br />

Cendrars, Ezra Pound e outros <strong>de</strong>ste nível. Antes da História da Literatura Oci<strong>de</strong>ntal,<br />

Otto Maria Carpeaux já havia <strong>de</strong>monstrado seu interesse por nossos escritores<br />

com a utilíssima Pequena Bibliografia Crítica da Literatura (1949).<br />

Vários autores estrangeiros amaram e procuraram compreen<strong>de</strong>r o Brasil,<br />

como Blaise Cendrars, Georges Bernanos, Roger Basti<strong>de</strong>, Paul Arbousse-Basti<strong>de</strong>,<br />

Clau<strong>de</strong> Lévy-Strauss, Stefan Zweig. Nenhum, porém, chegou a fazer esta<br />

dramática confissão com a qual Otto Maria Carpeaux conclui seu primeiro<br />

ensaio sobre Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, que faz parte do livro Origens e<br />

Fins:<br />

“Em face <strong>de</strong>ssa poesia em que a nossa geração <strong>de</strong>sgraçada sente uma primeira<br />

centelha <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção, refiro-me ainda uma vez a palavras daquele<br />

pessimista viril e realista esperançoso que foi Vauvenargues: c’est un grand signe<br />

<strong>de</strong> médiocrité <strong>de</strong> louer toujours modérement. Não, seria injusto. Quero dizê-lo,<br />

com toda a franqueza, que o encontro com a poesia <strong>de</strong> Carlos Drummond<br />

<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> me foi um conforto nas trevas, e que eu, que conhecia todas as<br />

154

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!