20.04.2013 Views

Revista 2002 - Beija-Flor

Revista 2002 - Beija-Flor

Revista 2002 - Beija-Flor

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Uma escola fazendo história<br />

A <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong><br />

e a Mitologia<br />

Hiram Araújo<br />

Analisar a trajetória da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de Nilópolis à<br />

luz da mitologia pode parecer um sortilégio<br />

para quem vive ainda sob o império da razão. Mas quem<br />

conhece as mudanças ocorridas no mundo após a II<br />

Guerra Mundial, e que resultaram na falência do<br />

racionalismo e no retorno dos valores pré-modernos,<br />

não vê nenhum absurdo na forma como vou tratar a<br />

questão. Mitos, contos de fadas, narrativas fantásticas,<br />

hoje voltam a ser ouvidos e considerados.<br />

A <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong>, desde a sua criação, vive um conto<br />

de fadas. Ela foi feia, borralheira e pobre até encontrar<br />

nas cinzas o sapatinho da realeza, o qual, ao servir-lhe<br />

no pé, fê-la virar princesa.<br />

Vamos acompanhar essa evolução, do início até hoje.<br />

A data de fundação — Ao receber o 25 de dezembro<br />

como dia de sua fundação, a escola de Nilópolis,<br />

de imediato, atraiu imagens arquetípicas poderosas,<br />

pois a data tem um forte apelo mitológico. Era a 25 de<br />

dezembro, depois do solstício do inverno no hemisfério<br />

norte, que comemorava-se o Natalis Solis, o renascimento<br />

do sol, isto é, o início do período em que os povos<br />

antigos podiam voltar aos campos para plantar e<br />

cuidar dos animais. Os persas, nesse dia, celebravam<br />

Mitra, o Deus Sol.<br />

O saudoso Junito de Souza Brandão, no livro ‘Mitologia<br />

grega’, lembra que "o ato fundamental da vida de<br />

Mitra foi o sacrifício do touro primitivo, o primeiro ser<br />

vivo criado por Ahura-Mazda". De fato, após dominar o<br />

animal e conduzi-lo para seu antro, Mitra, por ordem do<br />

sol, o degolou. De seu sangue e de sua medula nasceram<br />

os demais animais e os vegetais, malgrado os esforços<br />

em contrário da serpente e do escorpião, enviados<br />

de Ahriman, entidade que no mazdeísmo simbolizava<br />

o mal. Nessa batalha deviam empenhar-se também<br />

todos os seguidores de Mitra, pois, se assim o fizessem,<br />

o "Invencível" lhes garantiria o acesso à mansão<br />

da luz eterna.<br />

O nascimento de Cristo — Natalis Domini — foi situado<br />

no dia 25 de dezembro, como esclarece Junito, "exatamente<br />

para substituir e vencer (e o venceu para sempre)<br />

o renascimento do invencível Mitra".<br />

O Mito de Mitra se completa com duas figuras iguais,<br />

Cantes e Cantopates, a primeira erguendo uma tocha<br />

acesa, representando a vida, e a segunda segurando<br />

uma tocha apagada, voltada para baixo, significando a<br />

morte. Assim, Mitra, que é formado por uma dupla, nos<br />

conduz ao Mito dos Gêmeos, cuja rica simbologia pontua<br />

de maneira decisiva — como veremos adiante —, a<br />

história da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de Nilópolis.<br />

A escolha do nome — Desde os tempos mais remotos,<br />

animais e vegetais tiveram, entre os homens, representações<br />

míticas, gerando fetiches e totens. O gato, o<br />

boi e a vaca eram bichos sagrados no Egito.<br />

A festa da Deusa Isis e do Boi Apis teve forte representação<br />

nos cultos agrários, e muitos autores consideram-na<br />

a origem do carnaval.<br />

16 <strong>Revista</strong> <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> www.beija-flor.com.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!