Revista 2002 - Beija-Flor

Acervo Família Abrão David
Festa de aniversário na casa da família Abrão David, em 1949
Julia e Abrão vieram para o Brasil com, respectivamente,
12 e 14 anos, e já eram casados.
Passaram grandes dificuldades até conseguirem
se estabelecer. No Líbano, Abrão colhia azeitonas
e trabalhava em pedreiras na pequena região onde
moravam. Analfabetos e sem recursos, vieram em
busca de dias melhores e não pouparam esforços
para alcançar esse objetivo. "Sempre com o
apoio da minha mãe, que era uma mulher muito
forte, meu pai começou a comprar renda, elástico
e outros artigos de armarinho, para revender.
Como mascate, ia a pé de Ricardo de Albuquerque
a Nova Iguaçu. Não foi nada fácil, pois eles ainda
tiveram que superar o fato de estarem num país
de cultura e língua completamente estranhas para
eles", observa Farid, o filho mais novo.
Bom em negócios, em dois anos Abrão estaria
levando Julia e o filho Jacob para Nilópolis,
onde abriu um pequeno armarinho na rua Mirandela, 34.
Na casa nos fundos da loja, nasceram os outros filhos:
Miguel, Maria, Nicinha, Jorge, Aniz (nome de batismo de
Anizio), Nelson, David e Farid. Dinah, a primeira filha do
casal, morrera com dois anos de idade.
Nesse ambiente simples e de muita união, os filhos
aprenderam a dar valor ao trabalho e, cedo, já ajudavam
o pai. Dona Julia, uma verdadeira matriarca, distribuía
comida aos pobres, tomava conta de crianças da região
quando as mães iam para o trabalho e gostava de receber
os vizinhos aos domingos para o almoço. Se o prato
era o tradicional quibe frito árabe, sua maior especialidade,
a casa ficava ainda mais cheia. Aos poucos, à custa
de muito esforço, a família foi prosperando e, assim, colaborando
para mudar os rumos da cidade que tão bem
os acolhera.
Essa retribuição viria por diferentes caminhos. Miguel,
Jacob, Farid e os primos Jorge David e Simão Sessim
janeiro 2002
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