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Revista 2002 - Beija-Flor

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Uma escola fazendo história<br />

A evolução do samba na<br />

<strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de Nilópolis<br />

Marco Antonio Barbosa<br />

De 1954 — ano do primeiro sambaenredo<br />

campeão, "Caçador de esmeraldas"<br />

— até hoje, latitudes e longitudes incomensuráveis<br />

foram alcançadas pela imaginação<br />

criadora dos compositores da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> de<br />

Nilópolis. Dos tempos pioneiros do lendário Cabana,<br />

chegando aos temas que fazem sucesso<br />

atualmente na voz do puxador Neguinho da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong>,<br />

Nilópolis consolidou-se berço legítimo da<br />

evolução do samba-enredo carioca. Não foram<br />

poucas as criações dos compositores da escola<br />

que se tornaram clássicos do carnaval, cantadas<br />

e recantadas até hoje.<br />

É claro que o samba-enredo mudou um bocado<br />

desde os anos 50 até aqui. O próprio "Caçador<br />

de esmeraldas", de Cabana, está bem distante<br />

do estilo de samba que hoje se canta na Marquês<br />

de Sapucaí. "Antigamente era tudo mais devagar,<br />

bem cadenciado. Parecia mais com a marcha-rancho<br />

do que com os sambas-enredo atuais",<br />

afirma Aluizio Ribeiro, presidente da Velha-<br />

Guarda da escola há 19 anos. E cita dois sambas<br />

antigos — "Eu sou de Nilópolis" (de Osório Lima)<br />

e "Caçador de esmeraldas" — para exemplificar.<br />

"Quem ouve essas músicas nem reconhece direito.<br />

Fica assim: 'Pô, esse ritmo tá diferente...'"<br />

Gilson Castro, o Gilson Doutor, presidente da Ala de<br />

Compositores da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> e ligado à escola há mais de<br />

30 anos, tem sua explicação: "A grande mudança se deu<br />

em meados dos anos 70, e não só com a <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong>, mas<br />

com todas as escolas. Os desfiles ficaram maiores, com<br />

mais componentes, e o ritmo de passagem na avenida<br />

teve de ser acelerado. Um samba mais cadenciado como<br />

os do Cabana dava para uma escola com três ou quatro<br />

carros alegóricos. Hoje em dia as escolas saem com sete,<br />

nove carros, tudo tem que ser mais rápido para não atrasar<br />

o desfile."<br />

O compositor Ary de Souza, o popular Ary Carobinha<br />

— membro fundador da escola, desde a pioneira reunião<br />

de 1948 na qual foi escolhido o nome <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> — aponta<br />

um outro fator crucial: os temas dos enredos. "Antes todo<br />

o enredo era baseado em fatos da História do Brasil. Era<br />

muito mais bonito. Agora, que os enredos são de pura<br />

ficção, vale tudo... Imagine só, fazer um samba sobre 'O<br />

paraíso da loucura'!", diz o compositor, referindo-se ao<br />

enredo do ano de 1979.<br />

Realmente, do início da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> até meados dos anos<br />

70, a tradição demandava que as escolas de samba cantassem<br />

sobre temas históricos. Isso, para Carobinha, gerou<br />

alguns dos mais belos sambas da escola de Nilópolis.<br />

“Páginas de ouro da poesia brasileira” (1955), de Nilo, e<br />

“Regência trina” (1960), do Augusto de Almeida, são<br />

26 <strong>Revista</strong> <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> www.beija-flor.com.br

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