Revista 2002 - Beija-Flor
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Ator e diretor de teatro e televisão, Anderson Müller<br />
faz o possível para conciliar a carreira com o carnaval.<br />
Aliás, o segundo filho de Anizio foi o responsável<br />
por um dos momentos mais emocionantes da história<br />
da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> na Avenida, quando, em 2000, dirigiu<br />
um espetáculo dentro de um carro alegórico: "Foi um<br />
trabalho maravilhoso, feito com pessoas da comunidade<br />
representando tripulantes de um navio negreiro<br />
num carro de cinco andares. Colocamos 30 negros<br />
nas velas fazendo uma coreografia lenta imitando o<br />
vento. Essa marcação contrastava com a do samba,<br />
que é mais ritmada. Isso foi um choque. No segundo<br />
plano, fizemos um porão, onde aconteciam coisas<br />
ruins, as mortes. E o terceiro plano era a imagem do<br />
mar com todos os orixás, que era a forma deles poderem<br />
tirar a mágoa, a dor... Por onde passávamos,<br />
fazíamos a platéia chorar. Isso não tem explicação,<br />
nem emoção que se compare. O maior teatro do mundo<br />
se chama Marquês de Sapucaí. Lá é fácil fazer o<br />
público levantar e sorrir, mas é muito difícil fazê-lo<br />
chorar", avalia, emocionado.<br />
Como filho de peixe, peixinho é, e neto de peixe,<br />
peixinho também deve ser, Nelson Alexandre Sennas David<br />
é tão encantado com a <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> quanto seu avô, José<br />
Rodrigues Sennas, primeiro presidente da escola, e seu<br />
pai, Nelson Abrão David, também ex-presidente da<br />
agremiação. A mãe, Marlene Sennas — ex-passista, exporta-bandeira<br />
e ex-destaque da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> —, só faz confirmar<br />
o sangue 100% azul-e-branco do filho. "Eu e Nelson<br />
nos conhecemos num samba e quando meu pai morreu,<br />
ele prometeu, diante do caixão, que tomaria conta da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong>.<br />
Hoje, nosso filho mantém o nome das duas famílias<br />
na escola", conta Marlene, com orgulho. Produtor musical,<br />
Nelsinho — como também era chamado seu pai —<br />
é vice-presidente da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> e desempenha uma função<br />
das mais nobres na Passarela do Samba: "Sou eu<br />
quem apresenta o primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-<br />
Bandeira ao público e aos jurados. Para mim, não tem coisa<br />
melhor. É uma honra."<br />
De cima para baixo, a nova geração da família: Ricardo Abrão, que começa a dar os<br />
primeiros passos na política e é vice-presidente Social e Recreativo da <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong>;<br />
Anderson Müller, que faz o possível para conciliar a carreira de ator com o carnaval;<br />
e Nelsinho David, produtor musical e vice-presidente da escola<br />
Henrique Matos/Arquivo <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> Arquivo <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong><br />
Danilo Tavares<br />
janeiro <strong>2002</strong><br />
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