Revista 2002 - Beija-Flor

O desfile
Alô,
Neguinho,
a família Beija-Flor te ama!
Tatiana Gandelman
“ Alô, Anizio, a família Beija-Flor te
ama!" É com esses versos que Luiz
Antônio Feliciano Marcondes, o Neguinho da
Beija-Flor, anuncia, há religiosos 27 anos, a
entrada da escola de Nilópolis na Passarela
do Samba. Nascido em Vila Isabel e criado
em Nova Iguaçu, ele começou cantando no
bloco Leão de Iguaçu, em 1971. Quatro anos
depois, o então presidente da Ala dos Compositores,
Silvestre David dos Santos, o
legendário Cabana, o convidou para fazer
parte do grupo. "O Anizio (Abrão David) já me
conhecia desde criança, sabia da minha fama
no bloco e me chamou para fazer parte da
Beija-Flor", conta Neguinho. Desde então, permaneceu
absolutamente fiel à escola. "Sou o
único puxador de samba que nunca trocou de
agremiação", gaba-se.
Como compositor, Neguinho começou na
Beija-Flor no mesmo ano da estréia como puxador:1975.
E, no ano seguinte, já pôde comemorar
o campeonato com seu samba-enredo
"Sonhar com rei dá leão". Depois deste, outros
sambas o consagraram como grande intérprete
e letrista, destacando-se o que fez em parceria
com Gilson Doutor e Mazinho, "A criação do
mundo na tradição nagô", de 1978, e o que compôs com
Nego, "A grande constelação das estrelas negras", de1983,
anos em que a Beija-Flor foi campeã.
Entre tantos momentos de glória, Neguinho guarda
algumas lembranças que marcaram sua trajetória. "O meu
primeiro ano, quando a escola foi campeã com um samba
de minha autoria, ‘Sonhar com rei...’; o carnaval de
1986, ano do enredo ‘O mundo é uma bola’, em que só
choveu para a Beija-Flor; e o Cristo mendigo, em 1989,
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