Revista 2002 - Beija-Flor
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História do carnaval<br />
tando a idéia de uma disputa entre elas. Foi o jornalista e<br />
diretor do jornal "Mundo Sportivo", Mário Filho (a quem<br />
também são atribuídos a criação da crônica esportiva moderna<br />
no Brasil e a idéia de construir-se o Estádio do<br />
Maracanã, que acabou recebendo seu nome), quem<br />
criou, em 1932, o primeiro desfile das escolas de samba,<br />
realizado na Praça Onze. A repercussão foi tão grande<br />
que no ano seguinte o desfile passou a fazer parte do<br />
programa oficial do carnaval.<br />
Em 1934, as agremiações se apresentaram no Campo<br />
de Santana, em homenagem ao prefeito Pedro Ernesto, e<br />
decidiram fundar a União das Escolas de Samba. Naquele<br />
mesmo ano surgiu o primeiro Rei Momo, chamado na ocasião<br />
de "carne e osso" pelo fato de estar representado por<br />
uma pessoa e não mais por um boneco de papelão.<br />
Em 1935 as escolas de samba foram oficialmente reconhecidas<br />
e tiveram que legalizar sua situação na Delegacia<br />
de Costumes e Diversões, passando a receber subvenção<br />
da Prefeitura. A partir daí, surgiram várias entidades com o<br />
objetivo de organizar ainda mais os desfiles como a União<br />
Geral das Escolas de Samba, a Federação das Escolas de<br />
Samba e a União Cívica das Escolas de Samba. Em 1952,<br />
com a fusão da Federação e da União Cívica, deu-se origem<br />
à Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro<br />
(AESCRJ).<br />
Em 1960, Fernando Pamplona e sua equipe — Dirceu e<br />
Marie Louise Nery, Arlindo Rodrigues e Nilton Sá — iniciaram<br />
no Salgueiro um trabalho que revolucionou a estética<br />
dos carnavais das escolas de samba com o enredo<br />
Quilombo dos Palmares. No ano seguinte, a Mangueira também<br />
inovou e levou para a Avenida amplificadores para<br />
sonorizar o samba cantado por Jamelão.<br />
Em 1962, a construção de arquibancadas na Avenida<br />
Rio Branco e a venda de ingressos ao público deram início<br />
a um processo de comercialização irreversível. No ano seguinte,<br />
o desfile foi transferido para a Avenida Presidente<br />
Vargas, atingindo o auge do romantismo. O lançamento do<br />
primeiro LP de sambas-enredo, em 1968, marcou o<br />
surgimento do investimento artístico no espetáculo e a "invasão"<br />
do ritmo nos salões. Em 1975, a Empresa de Turismo<br />
do Município do Rio de Janeiro S/A — Riotur —, criada<br />
três anos antes, estabeleceu um novo critério de pagamento<br />
às agremiações carnavalescas, que passaram a assinar<br />
um contrato de prestação de serviços. A partir de 1976, a<br />
<strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> quebrou a hegemonia das "quatro grandes"<br />
(Portela, Mangueira, Império e Salgueiro) e conquistou um<br />
tricampeonato.<br />
As escolas de samba desfilaram em vários palcos,<br />
cujas estruturas (as arquibancadas, em especial) eram<br />
montadas e desmontadas a cada ano. A falta de um local<br />
específico fez com as apresentações migrassem para vários<br />
pontos do Centro do Rio: Praça Onze, Candelária,<br />
Mangue e avenidas Rio Branco, Presidente Vargas, Presidente<br />
Antônio Carlos, Graça Aranha e rua Marquês de<br />
Sapucaí. Embora cada um desses locais tenha ambientado<br />
momentos importantes da história e do crescimento<br />
do carnaval carioca, foi justamente a evolução dos desfiles<br />
que requisitou uma infra-estrutura à altura do espetáculo:<br />
um palco fixo por onde pudessem passar as escolas<br />
de samba, as grandes estrelas do nosso carnaval.<br />
O monta-e-desmonta na Avenida Presidente Vargas, com a Candelária ao fundo<br />
62 <strong>Revista</strong> <strong>Beija</strong>-<strong>Flor</strong> www.beija-flor.com.br<br />
Arquivo Nacional