MÍDIA, MÁFIAS E ROCK'N'ROLL
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pelo Opportunity para avaliar a compra, feita um ano antes, da<br />
Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), apontou que<br />
os US$ 800 milhões pagos estavam US$ 70 milhões acima do preço<br />
justo. Dantas acusa a Telecom Itália pela diferença – segundo o<br />
Opportunity, o então presidente da empresa italiana, Camilo Furci,<br />
teria afirmado em uma reunião da Anatel que a empresa pretendia<br />
pagar até US$ 750 pela tele gaúcha.<br />
Daniel Dantas, diretor do grupo Opportunity, contratou a Kroll<br />
européia para investigar as conexões Telecom Itália. Os alvos da<br />
Kroll, portanto, eram potenciais figuras no governo que pudessem,<br />
mesmo que hipoteticamente, ter tido contato proveitoso com gente da<br />
Telecom Itália. Dessas investigações saíram os documentos que são<br />
fonte de vários dossiês que zunem Brasil afora. A íntegra dos<br />
documentos, porém, está em um CD obtido pelo autor.<br />
Embora Dantas, oficialmente, diga ter contratado a Kroll apenas<br />
para “ajudar a esclarecer o superfaturamento” na compra da CRT, o CD<br />
mostra bem o contrário: há nele investigações acuradas contra Luis<br />
Favre, atual marido de Marta Suplicy, contra Naji Nahas, investidor<br />
que tem acompanhado Lula em viagens e desponta como o melhor<br />
amigo, no Brasil, de Tronchetti Provera, presidente mundial da<br />
Telecom Itália e contra o ex-ministro Gushiken. Ao contrário do que a<br />
mídia andou divulgando, Gushiken foi observado pela Kroll não<br />
somente em 2001 (quando nem sonhava estar no governo), como<br />
também comentado, dissecado, estudado, até pelo menos maio de 2004.<br />
Nahas foi investigado porque esteve nas comitivas do<br />
presidente Lula para viagens internacionais, na agenda presidencial<br />
de 2004. O presidente do BB, Cassio Casseb, é filmado em Lisboa e<br />
até as contas de hotel de suas viagens são vasculhadas. Favre e<br />
Gushiken são prioritários nas investigações. O caso foi vazado em<br />
primeira mão à Folha de S.Paulo. Depois, partes substanciais do<br />
cartapácio chegaram às revistas Veja e Carta Capital. Quem<br />
distribuía o dossiê às redações eram pessoas ligadas a Carlos<br />
Jereissati, da Telemar, concorrente da Brasil Telecom. Desde 1998<br />
isso acontecia, com as famosas fitas do BNDES.<br />
O material chegava sempre previamente editado. Há uma técnica<br />
muito antiga dos arapongas, agora chamados “carcarás”, do serviço de<br />
inteligência (antes Serviço Nacional de Informações, SNI; hoje<br />
Agência Brasileira de Inteligência, Abin). É a técnica da meiamentira:<br />
você pega provas reais, incontestáveis, e as mescla com<br />
material extraído da lúgubre obscuridade da ficção. Logo, logo, urubu<br />
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