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MÍDIA, MÁFIAS E ROCK'N'ROLL

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• O negócio da China<br />

Omar Kaminski, editor de internet e tecnologia da revista<br />

Consultor Jurídico, advogado especializado em Direito da Informática e<br />

responsável pelo site InternetLegal, informa: a juíza Judith Barzilay, da<br />

Corte Norte-Americana de Comércio Internacional, (U.S. Court of<br />

International Trade), em Nova Iorque, deparou com uma questão<br />

jurídica inusitada. Teve que decidir se os X-Men, os heróis mutantes das<br />

revistas em quadrinhos da Marvel, são humanos ou não.<br />

“Trata-se de uma batalha tributária que já dura seis anos, entre a<br />

Marvel Enterprises Inc. e a alfândega norte-americana (U.S. Customs<br />

Service), segundo apurou Neil King Jr., repórter do Wall Street Journal”,<br />

diz Omar. A decisão, de 32 páginas, deixou os fãs mais ferrenhos da<br />

Marvel atônitos.<br />

“Os famosos X-Men, heróis fictícios que lutam contra o racismo e<br />

a intolerância para proteger um mundo que os teme e odeia, não são<br />

humanos”, decretou a juíza. Tampouco os vilões que brigam com o<br />

Homem Aranha e o Quarteto Fantástico, como o Duende Verde ou o<br />

Mestre dos Bonecos. “São todos criaturas não-humanas”, concluiu a<br />

juíza Barzilay, embora tenha descrito os X-Men como mutantes que<br />

se utilizam “de seus poderes extraordinários e não naturais, para o bem<br />

ou para o mal”.<br />

A Toy Biz, subsidiária da Marvel, especializada na fabricação de<br />

bonecos (ou action figures, como os fãs de barba no rosto preferem<br />

chamar), pressionou a juíza para que declarasse que seus heróis são<br />

“inumanos”. Por quê? Fala Kaminsky: “Assim, a empresa poderia obter<br />

uma tarifação mais branda em bonecos importados da China na<br />

metade dos anos 90. Naquela época, as taxas eram maiores para<br />

bonecas (dolls) do que brinquedos (toys) em geral. De acordo com o<br />

código tributário dos EUA, figuras humanas são bonecas enquanto<br />

figuras representando animais ou ‘criaturas’, como monstros e robôs são<br />

considerados brinquedos”.<br />

Venhamos e convenhamos: as teses de Karl Marx e Gyorgy<br />

Lukacs, o bruxo magiar do marxismo ocidental, estão enterradas. Pelo<br />

menos quando falamos nos conceitos de que os dois tanto gostavam:<br />

reificação e coisificação. A lembrar: pessoas, de tanto trabalhar, viram<br />

coisas. E os objetos, valorizados pelo mercado (o fetiche da<br />

mercadoria, de Marx) ganham o estatuto de pessoas, devidamente<br />

erotizados e “cordializados”.<br />

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