MÍDIA, MÁFIAS E ROCK'N'ROLL
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voltar contra o PCC, depois de fazer um acordo com a polícia e com<br />
o Ministério Público Estadual (MPE) para diminuir seu tempo na<br />
cadeia e permitir a libertação de sua mulher, Petronília Maria de<br />
Carvalho Felício.<br />
Petronília estava presa desde outubro daquele ano. Ela indicou<br />
onde estava um carro com 30 quilos de explosivos que seriam<br />
utilizados no atentado ao prédio da Bolsa de Valores de São Paulo.<br />
Petronília fora encarregada por Geleião de dar início a uma série de<br />
atentados para mostrar a força do PCC.<br />
A advogada Ana Olivatto Herbas Camacho, ex-mulher de<br />
Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, em outubro de 2002,<br />
supostamente a mando de Geleião, o PCC passou a meter os pés<br />
pelas mãos. Marcola deu sinal que iria matar o Geleião. E ele passou<br />
a colaborar com a polícia.<br />
Antes disso, intermediei o contato entre Kirk Semple e o<br />
promotor Márcio Sérgio Christino, primeira autoridade a ter<br />
investigado o PCC, num tempo em que a denúncia permaneceu, na<br />
cabeça de magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo, como um<br />
atributo da ilimitada mente das fofocas. Demorou até que o PCC<br />
fizesse seu primeiro ataque para que Márcio Sérgio Christino fosse<br />
ouvido na toada que vinha denunciando há muito tempo. O<br />
contraveneno do MP demorou porque os togados demoraram a crer.<br />
Kirk Semple esteve na cadeia. Tomou depoimento de um<br />
punhado de líderes máximos do PCC. Tanto bastou para que eu<br />
recebesse telefonema sentencioso de Márcio Sérgio Christino,<br />
referindo que interceptara um fax de líder do PCC, pedindo que a<br />
facção criminosa matasse Kirk Semple na porta do hotel em que estava<br />
hospedado, na rua Sílvia, Jardim Paulista. Levei Kirk ao aeroporto.<br />
Márcio Christino guarda o fax do PCC até hoje, como aquelas miúdas<br />
sabedorias do mal que só encontramos em museus do crime.<br />
Kirk Semple esteve hospedado em casa no começo de 2005,<br />
junto de Steve Doodley, do The Miami Herald , vindo da Colômbia<br />
porque seu jornal acreditava que o novo Papa seria brasileiro. Em<br />
maio de 2005, com a amizade estreitada com os gringos, fui pedirlhes<br />
socorro. Kirk e Doodley falaram com amigos gringos e<br />
trouxeram pareceres taxativamente honestos: quem vai para o<br />
Triângulo Sunita sem proteção armada, ou morre ou é seqüestrado.<br />
O parecer dos dois gringos era que não fosse para essa região nem a<br />
pau. A consulta aos gringos tinha um motivo.<br />
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