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MÍDIA, MÁFIAS E ROCK'N'ROLL

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portanto exposta à nudez, a antiga economia nacional. Barreiras são<br />

quebradas pela rede de transferência virtual dos valores.<br />

Lembre da frase Adorno: “das moderne ist wirklich unmodern<br />

geworden” (O moderno ficou fora de moda). Isso costuma ser<br />

atribuído à sua antevisão de um mundo pós-moderno. Mas foi na<br />

década de 30 que o termo pós-moderno foi empregado pela primeira<br />

vez, num artigo de Federico de Onís, em que usava o vocábulo<br />

postmodernismo, numa antologia de poetas de língua espanhola<br />

publicada em Madri, em 1934. No oitavo volume de seu “Study of<br />

Story”, publicado em 1954, Arnold Toynbee chamava a época iniciada<br />

com a guerra franco-prussiana de “idade pós-moderna”. E, em 4 de<br />

novembro de 1952, dia em que Dwight Eisenhower foi eleito<br />

presidente, Charles Olson elaborou um manifesto cujo final referia o<br />

tempo que corria como “pós-moderno, pós-humanista, pós-histórico.”<br />

Nessa sociedade Pós-Moderna, em que tudo é transparência,<br />

refere Baudrillard, o cênico virou obscênico. “O êxtase da<br />

comunicação tornou impossíveis essas suposições de indivíduo<br />

autônomo, soberano.” Em Baudrillard, o indivíduo não é mais “um<br />

ator ou dramaturgo, mas um terminal de redes múltiplas.” No seu<br />

pensamento, acabou a individualidade, em que nos perdemos e nos<br />

dissolvemos “em informação e comunicação”.<br />

Nesse cânon, na sociedade pós-moderna a total transparência<br />

“induz a um estado de terror próprio do esquizofrênico: proximidade<br />

grande demais de tudo, a promiscuidade suja de tudo que toca, investe<br />

e penetra sem resistência, sem nenhum halo de proteção privada, nem<br />

mesmo seu próprio corpo para protegê-lo mais.” E avança assim:<br />

”O que o caracteriza é menos a perda do real, os anos-luz de<br />

afastamento do real, o pathos da distância e a separação radical,<br />

como de diz habitualmente, mas, muito pelo contrário, a<br />

proximidade absoluta, a instantaneidade total das coisas, o<br />

sentimento de que não há defesa, não há nenhum abrigo. É o fim<br />

da vida interior e da intimidade, a exposição excessiva e a<br />

transparência do mundo que o atravessa sem encontrar obstáculo.<br />

Ele não pode mais criar os limites de seu próprio ser, não pode mais<br />

brincar ou representar, não pode mais produzir a si mesmo como<br />

espelho. Ele é nesse momento apenas uma tela nua, um centro de<br />

comutação para todas as redes de influência.” (KUMAR,<br />

KRISHNAN. Da sociedade Pós-Industrial à Pós-Moderna,<br />

Zahar, Rio de Janeiro, 1997, p. 137)<br />

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