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MÍDIA, MÁFIAS E ROCK'N'ROLL

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evista IstoÉ Dinheiro, que por duas vezes, covardemente, foi<br />

metralhado publicamente pela revista Veja, sob insinuações de que<br />

faria parte da trupe de Daniel Dantas. Veja não se deu ao trabalho de<br />

ouvir Attuch: expôs publicamente, ao sabor público, a carne de um<br />

bode expiatório acusado e condenado pela própria Veja.<br />

Em meio à maior guerra de negócios já travada no Brasil – a da<br />

Brasil Telecom –, em que os protagonistas trocam de aliados de mês<br />

em mês, um jornalista foi alvejado.<br />

Para enfraquecer o inimigo, uma seção do governo, que<br />

também faz parte da disputa empresarial, criou uma certa “Operação<br />

Gutenberg”, alegadamente planejada para rastrear venalidades da<br />

imprensa. Gutenberg também foi o nome dado pelo general Milton<br />

Tavares de Souza, o Caveirinha, à operação que fechou as pontes da<br />

cidade de São Paulo para que não se franqueasse ao público acesso à<br />

missa de sétimo dia de Vlado Herzog, na Catedral da Sé (1975).<br />

Logo se imaginou que o governo decidira enfrentar grandes<br />

conglomerados financeiros que aportam generosos recursos em<br />

empresas jornalísticas em troca de uma visão cor-de-rosa de seus<br />

negócios. Bancos que cobrem a folha de pagamentos de redes de<br />

comunicação. Ou mesmo os portentosos empréstimos que o governo<br />

federal faz para socorrer veículos de comunicação em troca de juras<br />

de amor e eterna amizade. Quem já produziu listas telefônicas<br />

ou forneceu livros didáticos para o governo deve ter-se preocupado.<br />

Ou os devedores de tributos e contribuições não recolhidos que,<br />

diferentemente de outros tipos de empresas, contam com a<br />

complacência do poder público.<br />

Mas não foi nada disso que aconteceu. A ira sagrada do<br />

pedaço de governo que mobilizou a Polícia Federal voltou-se contra<br />

uma única pessoa, cujas reportagens, ao que tudo indica,<br />

desagradaram alguém.<br />

Para piorar as coisas, esse jornalista, como o marisco entre a<br />

rocha e o mar bravio, foi engolfado por uma briga entre duas grandes<br />

editoras. Essa nova briga empresarial vitimou o profissional, que teve<br />

seu nome e acusações – rejeitados pelo Judiciário – expostos à<br />

opinião pública, numa execração desmedida e cruel.<br />

As entidades de classe que se movimentaram para defender o<br />

livro de Fernando Morais e o colecionador de processos Kajuru nem<br />

tocaram no nome desse colega. A mesma Fenaj, que já deu o nome de<br />

Mário Eugênio (um repórter policial que, na década de 1970,<br />

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