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CONTA CORRENTE Os números positivos aguardados para 2010 Previsões indicam que a economia brasileira irá crescer 5% neste ano, o que traria mais investimentos, geração de emprego e renda IEDA MARIA PEREIRA VASCONCELOS (*) Acrise internacional e o seu grande ápice em setembro de 2008 mostraram que fazer previsões é mesmo uma atividade muito arriscada e que pode ser comparada a chuvas e trovoadas. Apesar de esperadas, elas sempre podem surpreender pela intensidade. A maioria das estimativas caiu por terra com o grande desarranjo observado na economia mundial no último trimestre de 2008. Aquelas que dizem respeito ao Brasil não foram dife rentes e o ano 2009 comprova isso. Depois de um início difícil, com a recessão técnica confirmada ao final do primeiro trimestre, eram aguardadas cicatrizes profundas na economia, mas não foi isso que aconteceu. O país surpreendeu, venceu a luta contra a crise, adquiriu mais luz (e brilho) no cenário internacional e acabou ganhando um pouco mais de espaço na agenda global e, com isso, a chegada de 2010 realmente traz uma perspectiva (agora mais concreta) de um novo tempo. De 2009, uma lembrança positiva pode ser a geração de postos de trabalho formal. De acordo com os dados do Cadastro Geral Os mais diversos analistas projetam nova expansão no mercado de trabalho formal, com a criação de mais de dois milhões de vagas (quase o dobro do observado em 2009). de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nos primeiros onze meses do ano o país contabilizou a geração de mais de 1,410 milhão de novas vagas. Somente em Minas Gerais, que foi o segundo Estado que mais criou vagas no país nesse período, foram mais de 140 mil novos postos de trabalho. Sem dúvida, as medidas anticíclicas foram fundamentais para reativar o motor da economia: a redução da taxa de juros, redução do IPI para automóveis, linha branca de eletrodomésticos, materiais de construção e redução do compulsório contribuíram para acelerar o consumo e mostraram a força do mercado interno. Os dados existentes atualmente possibilitam maior chance de acerto para as projeções nacionais e, por isso, quase todas convergem para o mesmo cenário: crescimento superior a 5%. Economicamente falando, espera-se que 2010 realmente seja o início de um ciclo virtuoso de crescimento para o país. Isso significa números positivos na geração de emprego e no desempenho dos diversos setores de atividade. Existem vários motivos que sinalizam que as estimativas podem ser confirmadas. As obras de infraestrutura que serão necessárias para a realização da Copa do Mundo em 2014 e para as Olimpíadas em 2016, o Programa Minha Casa, Minha Vida e a marca de um milhão de novas moradias, o ano eleitoral, o esperado crescimento nacional num ritmo mais acelerado do que a economia mundial, a retomada dos investimentos industriais e o Pré-sal são somente alguns exemplos. Como se vê, existem várias janelas de oportunidades abertas e, portanto, as projeções sinalizam a reação do país a todas elas. Espera-se, ainda, inflação dentro da meta. Conforme a pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central e divulgada em 28/12/09, os analistas do mercado financeiro projetam que a inflação ficará no centro da meta em 2010 (4,5%) o que, caso confirmado, é um resultado bastante positivo. No rol das boas notícias espera-se, também, crescimento do volume de crédito. Nesse contexto, destaca-se o crédito imobiliário, que deverá registrar expansão, beneficiando inúmeras famílias que ainda não conseguiram realizar o sonho da casa própria. Recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), além do FGTS e do Programa Minha Casa, Minha Vida, fortalecem essa estimativa. Os mais diversos analistas projetam nova expansão no mercado de trabalho formal, com a criação de mais de dois milhões de vagas (quase o dobro do observado em 2009). Claro que esse cenário considera que não ocorrerá sobressalto na economia (o que não é esperado, mas o fôlego nacional poderá ser reduzido, caso ocorra uma piora no cenário internacional). Aliada a esse número, também se projeta expansão da massa salarial. Estudos realizados pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) demonstram que, em 2010, considerando as economias da América Latina, o Brasil será o país onde se observará a maior taxa de crescimento (5,5%). De acordo com o Relatório de Inflação, divulgado pelo Banco Central em dezembro de 2009, a economia nacional deverá crescer 5,8% em 2010. Esse desempenho será reflexo do resultado positivo aguardado para todos os setores de atividade, principalmente para a indústria que, depois do impacto da crise mundial, que levou a uma forte redução de atividades em 2009 (a queda é de 8,6% no acumulado dos três primeiros trimestres do ano, frente a igual período de 2008), apresentará o maior crescimento entre os grandes setores. A expansão aguardada para a agropecuária é de 3,7%, 32 DEZEMBRO DE 2009
PIB Projeção 2010 Por setor ATIVIDADE % AGROPECUÁRIA 3,7 INDÚSTRIA - TOTAL 7,6 Extrativa mineral 6,6 Transformação 8,8 Construção civil 6,4 Eletricidade, gás e água 4,8 SERVIÇOS - TOTAL 5,0 Comércio 6,5 Transporte e correio 6,4 Serviços de informação 7,6 Intermediação financeira* 7,2 Outros serviços 6,5 Atividades imobiliárias 1,8 Serviços públicos** 2,2 Variação por componente da demanda Em % CONSUMO DAS FAMÍLIAS CONSUMO DO GOVERNO CONSUMO TOTAL FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES DEZEMBRO DE 2009 Valor adicionado a preços básicos 5,7% Impostos sobre produtos 6,3% PIB a preços de mercado 5,8% * INCLUI SEGUROS, PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR E SERVIÇOS RELATIVOS **ADMINISTRAÇÃO, SAÚDE E EDUCAÇÃO enquanto o setor industrial deverá registrar incremento de 7,6% em suas atividades (ancorado pelo esperado crescimento de 8,8% para a indústria de transformação, 6,6% para indústria extrativa mineral, e 6,4% para a indústria da construção). Para o setor de serviços, a expansão estimada é de 5% em função das projeções de crescimento para todos os segmentos componentes (comércio, transporte, armazenagem, correio, ser - viços de informação, intermediação financeira, atividades imobiliárias e aluguel, administração, saúde e educação públicas e outros serviços). Pela ótica da demanda, o consumo das famílias deverá apresentar alta de 6,1%, estimativa fundamentada na continuidade da geração de postos de trabalho formal e pelas condições de crédito. Os investimentos devem apresentar recuperação, crescendo 15,8%. Já para o consumo do governo, é estimado um crescimento de 2,9%. Esses números também fazem parte das projeções realizadas pelo Banco Central. Destaca-se que a expansão dos investimentos, ancorada no aumento do nível de confiança dos empresários, está sedimentada no esperado retorno das inversões na construção civil e em máquinas e equipamentos. Um número que os setores produtivos não querem ver crescer em 2010 é o da taxa de juros. Sem dúvida, o seu incremento poderá inibir uma parcela dos investimentos tão necessários para o crescimento do país. Uma das justificativas para esse aumento é a preocupação com a inflação. Entretanto, apesar de já ter começado a discussão sobre esse assunto, a grande maioria das estimativas realizadas pelos analistas financeiros demonstram que a inflação não ultrapassará o centro da meta em 2010 (4,5%). Isso 6,1 2,9 5,3 12 15,8 20,5 FONTE: RELATÓRIO DE INFLAÇÃO - BANCO CENTRA CENTRAL L - DEZEMBRO/2009 De toda forma, o que 2010 traz de mais forte (sem chance de erros) não está relacionado a nenhum número. O que novamente chega, com um imenso brilho, é a esperança. Ela renasce mais pujante a cada ano. Esperança que volta para iluminar novos projetos, impulsionar a luta em novos desafios e ser um grande alicerce para o sucesso. porque, mesmo considerando a demanda, o câmbio estável e os preços administrados sob controle poderão segurar os índices de preços. Portanto, essa discussão é prematura e totalmente inadequada. Deve-se lembrar que a taxa de investimentos no país, que levou um grande tombo em 2009, precisa se fortalecer e certamente aumento de juros será uma força inibidora para que isso aconteça. De toda forma, o que de 2010 traz de mais forte (sem chance de erros) não está relacionado a nenhum número. O que novamente chega, com um imenso brilho, é a esperança. Ela renasce mais pujante a cada ano. Espe - ran ça que volta para iluminar novos projetos, impulsionar a luta em novos desafios e ser um grande alicerce para o sucesso. E na economia não poderia ser diferente. Com o novo ano renasce a espe rança, de forma transpa - rente e dominante, de que o país efetivamente possa alcançar a estrada do desenvolvimento e caminhar por ela, superando cada obstáculo que encontrará. E, certamente, a esperança é uma estrela que muito ilumina esse caminho e, assim, 2010 começa… (*) Ieda Maria Pereira Vasconcelos é Assessora Econômica do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Texto produzido a partir de palestra na Câmara da Indústria da Construção (CIC- FIEMG). 33
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