BH, um canteiro de obras BH, um canteiro de obras - Fato Relevante

Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais (PUC Minas), por trás dessa
vantagem numérica de Pimentel pode estar
a lembrança mais viva do eleitorado: há
apenas dois anos, ele ainda estava na
prefeitura, enquanto recordar da gestão de
Patrus em Belo Horizonte requer um
esforço maior de memória. No entanto, o
professor ressalta que os trunfos de cada um
estão nos perfis que assumiram em suas
trajetórias perante a opinião pública. “Patrus
é muito mais fácil de se aproximar da
questão social. Já Pimentel é associado à
qualidade administrativa”, diferencia Ca -
margos.
Reeleito, em novembro, presidente esta -
dual do PT, Reginaldo Lopes é hoje um dos
principais aliados de Pimentel. O de pu tado
federal entende que, não só pelo desempenho
nas pesquisas, o ex-prefeito deva ser o candidato
por ser reconhecido como um “excelente
técnico” e ainda por sua “ousadia
política”. “Ele obteve à frente da prefeitura
uma visibilidade que nenhum outro prefeito
teve. Pimentel será mortal para Anastasia”,
afirma Lopes. De acordo com o dirigente,
um mérito da candidatura para convencer o
eleitor seria concorrer com o PSDB sem acirrar
demais os ânimos, sem antagonismo, o
que seria improvável com Patrus no páreo,
que fustiga: “Minas quer mudança. E o
PSDB tem vergonha de Minas, do resultado
de seu período de gestão”.
A MILITÂNCIA DECIDE. O deputado
fe deral Gilmar Machado, um dos mais des -
tacados membros da ala do ministro,
defende que Patrus tem mais poder de
agregar aliados dentro e fora do partido,
com bom trânsito em outras siglas. Por isso,
deveria ser o candidato petista em outubro.
“
Neste momento,
meu nome é
melhor avaliado. Já foi
diferente, mas hoje sou
eu. Política é o
momento, é a
contingência, não o que
queremos”.
Fernando Pimentel,
ex-prefeito de Belo Horizonte
Machado foi um dos candidatos à
presidência do diretório estadual, derrotado
ainda no primeiro turno. A respeito do
argumento da corrente rival, ele argumenta
que pesquisas são um retrato de momento,
retrato que costuma mudar: “Na hora em
que o processo deslanchar, a militância do
PT vai definir e reverter a situação”.
Um impasse como o que vive o PT
mineiro, por guardar raízes em sua história,
não deve ser resolvido por meio de um
mero acordo de cavalheiros. O duelo entre
Patrus e Pimentel tende mesmo a um desfecho
com prévias internas. E também, diante
dessa possibilidade, as correntes dos dois
pré-candidatos estão em divergência. A ala
do ex-prefeito sustenta que o consenso seria
a saída menos nociva, e que as eleições internas
para a presidência da seção estadual
do partido já serviram de prévias. Na outra
ponta, porém, a frente de Patrus defende
que a margem de vitória de Reginaldo
Lopes na eleição para a presidência do partido
em Minas foi pequena, evidenciando a
divisão da sigla e a necessidade da realização
de prévias.
No dia 6 de dezembro, Lopes venceu o
segundo turno do processo direto com
52,4% dos votos válidos, contra 47,6% do
secretário nacional de comunicação do PT,
Gleber Naime, outro aliado de Patrus. Em
termos absolutos, a diferença foi de aproximadamente
2.000 votos, num universo de
mais de 40 mil.
PRÉVIAS X ENTENDIMENTO. O pre -
si dente reeleito, que tomará posse em
fevereiro, responsabiliza os apoiadores de
Naime de terem conferido ao PED a
importância de prévias eleitorais, mas
entende que o resultado já daria condições
suficientes ao partido para a escolha de seu
candidato a governador. Ele lamenta a
iminência da realização de um novo embate
devido à falta de tempo para sua
organização. “O projeto de Patrus é pessoal.
Se é coletivo, ele tem que entender a
conjuntura. Se não entender, iremos para
prévias, o que será muito penoso”.
Pimentel, por diversas vezes, qualificou
a tese das prévias como perda de tempo:
“Minha posição é a mesma: a busca do entendimento.
As prévias não são uma boa
ideia. Isso é prolongar a discussão enquanto
os outros partidos estão avançando em suas
pré-campanhas”.
Mas o ministro e seu grupo não pretendem
desistir. Tanto é que formalizaram - por
Para cientistas
políticos, Fernando
Pimentel está melhor
nas pesquisas pela
razão de estar mais
presente na memória
do eleitorad, devido à
sua recente gestão na
prefeitura de Belo
Horizonte
meio de Padre João, deputado estadual e
também candidato derrotado a presidente
estadual da legenda – o pedido ao Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) para a utilização
de urnas eletrônicas no pleito, mesmo que
sua data ainda não tenha sido marcada. O
deputado federal Gilmar Machado encara
com normalidade a necessidade das novas
eleições internas: “Sem acordo, tem que
haver prévias. São dois grandes nomes.
Farão um debate em alto nível”.
SEM MEDO DAS PRÉVIAS. Já o mi -
nis tro Patrus entende que a divisão faz parte
38 DEZEMBRO DE 2009