BH, um canteiro de obras BH, um canteiro de obras - Fato Relevante

POLÍTICA
A luta continua.
Pimentel e
Patrus, entre os
dois o PT balança
Legenda vive um dilema em Minas
para escolher entre dois fortes
candidatos ao Palácio da Liberdade
JOÃO GUALBERTO
Para chegar, pela primeira vez em sua
história, ao Palácio da Liberdade, o
Partido dos Trabalhadores de Minas
tem, primeiramente, que transpor a encru zi -
lhada com a qual se depara. O PT precisa
optar entre dois pré-candidatos a go verna -
dor: um, prestigiado ex-prefeito, que chegou
a figurar na oitava posição entre os melhores
gestores municipais do mundo; outro, o
ministro responsável pelo principal progra -
ma de transferência de renda do país, proje -
to que também obteve reconhecimento
in ternacional.
Mas a situação não é propriamente idêntica
à dúvida confortável que assalta os
treinadores de futebol, quando têm dois
craques geniais para escalar e apenas uma
“
A militância que
está comigo é
mais consistente, tem
mais história. Basta
comparar a minha
biografia partidária com
a do meu adversário”.
Patrus Ananias,
ministro de Desenvolvimento Social
e Combate à Fome
posição no time. Não é, pois, uma simples
questão de escolha entre dois nomes experientes
e conceituados. Trata-se de um dilema
existencial, de uma crise de identidade, a
serem solucionados em Minas, quando o
partido completa 30 anos de fundação.
O atual racha entre os petistas mineiros
ficou explícito publicamente em 2008, durante
a eleição para prefeito de Belo Horizonte.
Pimentel, que deixava o cargo, apoiou
como sucessor o secretário de Estado Marcio
Lacerda (PSB), em uma aliança po -
lêmica e inédita com o tucano Aécio Neves,
governador de Minas. Contrariada diante da
aliança formal forjada pelos diretórios municipal
e estadual da sigla, a ala de Patrus
Ananias manteve-se neutra naquela disputa.
Era o prenúncio da cisão que se seguiu até
novembro último, no Processo de Eleição
Direta (PED) do presidente estadual do partido;
e a que se assistirá ao longo deste ano,
para a definição do candidato a governador.
E são justamente dos cabeças das duas
correntes, que dividem o PT-MG, as précandidaturas
lançadas. E, em tom de précampanha,
cada um (em coro com seus
aliados) trata de expor suas próprias virtudes
como armas eficazes para levar o partido à
vitória. Patrus exalta seu trabalho à frente do
ministério e do Bolsa Família, do orçamento
de R$ 33 bilhões que gerencia, segundo ele,
balizado por princípios éticos. Além disso,
recupera a boa avaliação de sua administração
na prefeitura da capital, de 1993 a
1996, afirmando ainda que o grupo que o
Em terceiro
Hélio Costa (PMDB) 32
Antonio Anastasia 14
Patrus Ananias (PT) 12
Pesquisa Datafolha, dezembro de
acompanha é o mais tradicional, o mais associado
às causas fundamentais da legenda:
“A militância que está comigo é mais consistente,
tem mais história. Basta comparar a
minha biografia partidária com a do meu adversário”.
Pimentel e seus aliados também exaltam
a competência administrativa como diferencial
capaz de levar o PT ao governo. No entanto,
partem do imediatismo dos números
mais favoráveis das pesquisas de intenção
de voto para arregimentar a candidatura.
36 DEZEMBRO DE 2009