BH, um canteiro de obras BH, um canteiro de obras - Fato Relevante
BH, um canteiro de obras BH, um canteiro de obras - Fato Relevante
BH, um canteiro de obras BH, um canteiro de obras - Fato Relevante
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
NEGÓCIOS<br />
Como ce<strong>de</strong>r à pechincha,<br />
sem entregar a loja<br />
Busca incansável por <strong>de</strong>scontos já ultrapassou o outro<br />
lado do balcão. Agora, até as empresas querem preços<br />
pequenos junto aos fornecedores<br />
PAULO MÁRIO DA SILVA<br />
Faz <strong>um</strong> <strong>de</strong>scontinho, vai! O abacaxi está<br />
lindo. Gostei do sapato. Quero levar o<br />
fo gão. Mas o preço, você sabe, me “que -<br />
bra as pernas”. Se for à vista, tem <strong>de</strong>s con to? E<br />
o preço a vista, dá pra fazer em três vezes?<br />
Vamos negociar por 30% a menos, fica le gal<br />
para você? Então está combinado, fe chamos<br />
em 20% <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto. Vou assinar o cheque<br />
imediatamente, assim que pegar o brin<strong>de</strong>.<br />
Pechinchar é <strong>um</strong>a arte, qualquer que seja<br />
seu estilo. Enquanto você lê esta repor -<br />
tagem, a pechincha está sen do ensinada<br />
em universida<strong>de</strong>s, estu dada por psi có logos<br />
e até in vestigada por es piões, que pe chin -<br />
cham em lojas concorren -<br />
tes. O melhor é que o<br />
cost<strong>um</strong>e <strong>de</strong> pe dir<br />
<strong>de</strong>sconto traz<br />
muito mais que<br />
<strong>um</strong> alívio pa ra<br />
o bolso. É <strong>um</strong><br />
modo <strong>de</strong> tornar<br />
relações <strong>de</strong> compra<br />
e ven da, em<br />
que ge ralmente cons<strong>um</strong>idor<br />
e ven<strong>de</strong>dor<br />
mal se olham nos olhos, em<br />
negócios mais h<strong>um</strong>anos, ami gáveis e menos<br />
automatizados.<br />
Mas a pechincha nem sempre é bem<br />
vista. Às vezes, vira doce na boca <strong>de</strong> muito<br />
chato por aí; e, muitas vezes, pancada no ouvido<br />
<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores e balconistas. É <strong>de</strong> origem<br />
<strong>de</strong>s conhecida, <strong>de</strong> “etimologia incerta”, segundo<br />
Antônio Geraldo da Cunha, que a <strong>de</strong>fine,<br />
no Dicionário Etimológico Nova<br />
Fronteira, como “gran<strong>de</strong> conveniência ou vantagem”,<br />
“qualquer coisa muito barata”.<br />
Assim, pechinchar é fazer esforço para<br />
obter <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> conveniência ou vantagem.<br />
Serve também para tentar comprar algo por<br />
<strong>um</strong> preço muito baixo. Prática que muita gente<br />
tem vergonha <strong>de</strong> adotar e que alguns não se<br />
preocupam em exagerar, estando ambos os<br />
grupos equivocados nos seus hábitos. Quem<br />
exagera na pechincha, <strong>de</strong>s trata o ven<strong>de</strong>dor e<br />
<strong>de</strong>srespeita as boas regras <strong>de</strong> convivência.<br />
Quem, por outro lado, não consegue pe -<br />
chin char, por timi<strong>de</strong>z ou excesso <strong>de</strong> zelo,<br />
per<strong>de</strong> dinheiro.<br />
A dona <strong>de</strong> casa Maria A pa recida Soares é<br />
<strong>um</strong>a pe chin cheira ass<strong>um</strong>ida. “Gosto <strong>de</strong> pe -<br />
chinchar e <strong>de</strong> pesquisar. Quan do<br />
saio para comprar algo, já sei que<br />
isso vai me custar tempo e sola <strong>de</strong><br />
sapato. Mas, agora, que<br />
tenho internet, a pren -<br />
di a pesquisar os sites an -<br />
tes <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa. Já sei on<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>vo comprar, on<strong>de</strong> está mais<br />
em conta”, revelou.<br />
E essa não é <strong>um</strong>a prática<br />
que se res tringe às mulheres.<br />
Sidney Sampaio é comerciante<br />
e acha muito saudável a pe chin cha.<br />
“Gosto quando os meus clientes dão va lor ao<br />
dinheiro. A té eu adoro pe chin char”, brinca. Segundo<br />
ele, <strong>um</strong> preço no varejo sempre tem <strong>um</strong>a<br />
margem <strong>de</strong> negociação, pois nele es tão embutidos<br />
o valor que as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> car tão <strong>de</strong> crédito<br />
e débito cobram por venda ( que na sua loja<br />
gira em torno <strong>de</strong> 3,8%), os custos <strong>de</strong> inadimplência<br />
e <strong>de</strong>mais encargos, que sempre dá para<br />
retirar do preço final. Dinheiro a vista ou<br />
recebimento garantido são sempre bemvindos.<br />
Normalmente a pergunta<br />
“quan to você pagou no<br />
pro duto?”, sempre vai<br />
ser encarada como<br />
<strong>um</strong>a falta <strong>de</strong> ética<br />
pelo comerciante<br />
e invariavelmen -<br />
te acompanhada<br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong>a resposta<br />
mentirosa que, afinal,<br />
<strong>de</strong>ixará o cliente<br />
satisfeito.<br />
Mas há os que exa -<br />
geram na dose e, muito vaidosos,<br />
chegam até a di mi nuir o preço<br />
que pagaram. De a cor do com<br />
o professor da Fa culda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Tecnologia do Co mércio<br />
(Fatec Comércio), instituição<br />
ligada à Câmara<br />
<strong>de</strong> Di-