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GESTÃO O que aprendi em 2009? Empresários e executivos falam das duras lições extraídas de um ano turbulento para os negócios DURVAL GUIMARÃES Agora que o ano finalmente acabou e, ao contrário do imaginávamos, sobrevivemos a ele, Fato Relevante decidiu empreender uma pesquisa junto aos seus leitores sobre as lições que eles extraíram de um ano tão turbulento. A primeira resposta veio de um ex-usineiro do Triângulo Mineiro, onde inaugurou recentemente uma destilaria de etanol: “O que eu aprendi não terá mais nenhum serventia, pois no momento, tenho algum capital, mas não tenho negócios”. Poderíamos considerar o entrevistado como ex-industrial, mas em nossa opinião, empresário é como o torcedor do Flamengo na música de Lamartine Babo: “uma vez Flamengo, sempre Flamengo”. Ele não desiste nunca. No caso específico, o entrevistado queixou-se de ter se apavorado com o cenário dos primeiros meses de 2009, quando a economia americana estava mergulhada na crise e as exportações do agronegócio se encontravam em queda. “Os preços do álcool e do açúcar também desabavam. Então eu fiz o que não deveria ter feito, que foi me desfazer do negócio ainda no meio da tormenta”, revelou. “Aprendi que a gente deve preservar a cabeça quando todos os outros estão perdendo as deles”. Há também os que se fortaleceram durante o ano. O vice-presidente comercial da Cooperativa de Leite Itambé, Valdinei Paulo de Oliveira, lembrou que a crise mundial fez uma reviravolta no dia-a-dia de muitas organizações: “O teste de fogo foi trabalhar no sentido de urgência para fazer da crise um momento oportuno para novas conquistas de mercado. Ter uma gestão focada e um olhar diferente sobre a crise nos permitiu crescer onde inicialmente não era nosso foco e “ Aprendi que a crise é a melhor aliada do crescimento. Aprendi a não ter medo de investir, mesmo quando o mundo grita ‘não!’” Ricardo Carlini, proprietário da Carlini Cerimonial fechar o ano dividindo sobras. Surpresa ou, não a crise nos ajudou a superar nossos limi tes. Esse foi o meu aprendizado no ano 2009”. O gerente geral de planejamento estratégico e gestão da Samarco, Eduardo Pessotti, revelou como foi o ano na mineradora: “Durante a crise, inúmeros planos se mos - traram completamente perecíveis, ge rando frustração tanto no plano emocional, pela incompetência de avaliação da situação, quanto no plano financeiro, que demandou gestão de caixa, quase que diária, diante de um modelo de gestão que estava estruturado para o crescimento e criação de valor em longo prazo”. Segundo informou, ele aprendeu também que os verdadeiros líderes sustentam suas convicções em seus valores pessoais. “No caso específico da Samarco, tive a oportunidade de vivenciar as decisões do nosso presidente, que mobilizou empregados para evolução do modelo de gestão e desenvolvimento de ações para redução de custos, reconhecendo que as pessoas e seus conhecimentos são os alicerces da compe ti - tividade e sustentabilidade do negócio. Como consequência positiva, conquistou os prêmios mineiro e capixaba de qualidade”, concluiu. O ex-secretário estadual de Desenvolvi- Wilson Brumer disse que a crise deixou lições importantes para o empresariado, como melhorar técnicas de gestão e sustentabilidade mento Econômico e hoje empresário no setor de Energia, Wilson Brumer, disse que a crise valorizou conceitos que haviam sido relegados a um plano inferior e que voltaram com força total nessa nova fase da economia. O empresário se refere a um conceito amplo de sustentabilidade, que não se limita a aspectos ambientais, mas também dá destaque para o conhecimento, a produtividade, a eficiência e a valorização das pessoas. “Deve, como consequência ser valorizada, 40 DEZEMBRO DE 2009
“ O teste de fogo foi trabalhar no sentido de urgência para fazer da crise um momento oportuno para novas conquistas de mercado”. Valdinei Paulo de Oliveira, vice-presidente comercial da Cooperativa de Leite Itambé DEZEMBRO DE 2009 a boa gestão, seja ela pública ou privada. Antes da crise, valia muito o conceito de excesso de alavancagem, ou seja, empresas se endividando mais que o normal. Volta agora o conceito de endividamento em patamares adequados, onde prevalecerá outra máxima, que é preferível pagar dividendos que juros”, declarou. Proprietário da Carlini Cerimonial, o jornalista Ricardo Carlini não se sentiu atingido pela crise. Isso foi fácil de perceber, pois ele se apresentou como o mestre de cerimônia ÉLCIO PARAÍSO dos principais eventos empresariais, políticos e esportivos e sociais realizados na capi - tal mineira. Sua empresa é uma das re quisitadas do país no setor de organização de eventos e, em poucas frases, ele revela como enfrentou 2009. “Aprendi que a crise é a melhor aliada do crescimento. Aprendi a não ter medo de investir, mesmo quando o mundo grita ‘não!’ Na área específica de Cerimonial e Protocolo de Eventos, experimen tamos grande crescimento no póscrise”. 41
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