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BH, um canteiro de obras BH, um canteiro de obras - Fato Relevante

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LONGE DOS HOLOFOTES<br />

Plantou <strong>um</strong>a árvore,<br />

escreveu <strong>um</strong> livro e<br />

construiu estádios<br />

Aos 76 anos, Gil César Moreira <strong>de</strong> Abreu, o<br />

responsável pelo projeto <strong>de</strong> engenharia do<br />

Mineirão, continua trabalhando, acaba <strong>de</strong> lançar<br />

<strong>um</strong> livro e teve cinco filhos nos últimos seis anos<br />

ANTONIO CORTELETI<br />

Afoto emoldurada na pare<strong>de</strong> do escritório<br />

<strong>de</strong>nuncia a ligação estreita do<br />

seu dono com o futebol. Entretanto,<br />

no lugar do seu clube <strong>de</strong> coração, o Atlético,<br />

os tentando <strong>um</strong>a faixa <strong>de</strong> campeão, o que se<br />

vê é <strong>um</strong>a fotografia já esmaecida pe lo tempo<br />

do estádio do Mineirão recém-inaugurado,<br />

em 1965. Mais do que a paixão pe lo esporte<br />

mais popular do Brasil, o Gigan te da Pampu -<br />

lha representa o orgulho maior <strong>de</strong> Gil César Mo -<br />

reira <strong>de</strong> Abreu, o engenheiro responsável pe las<br />

<strong>obras</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> dos maiores estádios do mundo e<br />

que está pres tes a passar por <strong>um</strong>a refor mulação<br />

total para a Copa do Mundo <strong>de</strong> 2014.<br />

Aos 76 anos, Gil César segue traba lhan do e<br />

não pensa em se aposentar. No momen to, ele<br />

atua no projeto <strong>de</strong> <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> edifícios re -<br />

si<strong>de</strong>nciais e comerciais em La goa Santa,<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Ho rizon<br />

te, on<strong>de</strong> vive há 16 anos. Além <strong>de</strong> trabalhar<br />

na iniciativa priva da e em di versos órgãos públicos,<br />

Gil também atuou na política, tendo sido<br />

eleito ve reador, <strong>de</strong> pu tado estadual e fe<strong>de</strong>ral. No<br />

cur rículo como engenheiro, estão vários ou tros<br />

estádios construídos após o Mineirão, como as<br />

arenas <strong>de</strong> Teresina, João Pessoa, Campina Gran -<br />

<strong>de</strong>, São Luís e Uberlândia, entre outras.<br />

“Após a construção do Mineirão, João Ha -<br />

velange, que era presi<strong>de</strong>nte da Confe<strong>de</strong> ração<br />

Brasileira <strong>de</strong> Desporto (hoje CBF), cha mo<strong>um</strong>e<br />

e disse que pretendia criar <strong>um</strong> campeonato<br />

brasileiro forte, com times <strong>de</strong> todo o país.<br />

Mas, para ter equipes do Norte e Nor<strong>de</strong>ste, era<br />

preciso que essas regiões tivessem estádios<br />

gran<strong>de</strong>s, que motivassem os clubes e a torcida”,<br />

relembra Gil César.<br />

Segundo ele, o ex-presi<strong>de</strong>nte da Fifa também<br />

se comprometeu a apresentá-lo aos go -<br />

ver nadores, <strong>de</strong> modo a facilitar o contato do<br />

engenheiro com os políticos, o que <strong>de</strong> fa to<br />

aconteceu. “O meu maior problema era dissuadir<br />

alguns governadores que queriam cons -<br />

truir estádios <strong>de</strong> até 70 mil pessoas em cida<strong>de</strong>s<br />

como Teresina e João Pessoa, que na época,<br />

não contavam com 300 mil habitantes. Seria<br />

preciso esvaziar a cida<strong>de</strong> para encher o estádio”,<br />

ironiza.<br />

Mas, o maior <strong>de</strong>safio da carreira <strong>de</strong> Gil<br />

César foi, sem dúvida, o Mineirão. Apesar <strong>de</strong><br />

ter apenas 27 anos, o jovem engenheiro civil<br />

formado pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais (UFMG) não se assustou pe ran te o <strong>de</strong>safio<br />

colocado pelo governador Bias For te,<br />

que o convidou para comandar as <strong>obras</strong>. Diante<br />

<strong>de</strong> empreendimento <strong>de</strong> tal porte, Gil<br />

César não hesitou em procurar a referência<br />

para este tipo <strong>de</strong> obra: o professor Arthur Eugênio<br />

Jermann, do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Enge -<br />

nharia Mecânica da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ), responsável pelo projeto<br />

<strong>de</strong> engenharia do Maracanã, o maior estádio<br />

do mundo, inaugurado em 1950 para a<br />

Copa do Mundo.<br />

“O Jermann mostrou as dificulda<strong>de</strong>s que<br />

cost<strong>um</strong>am ocorrer em <strong>obras</strong> <strong>de</strong>sse porte, o que<br />

se <strong>de</strong>ve fazer para evitar trincas e rachaduras.<br />

Por isso, não houve muitas dificulda<strong>de</strong>s técnicas<br />

para construir o Mineirão. Na verda<strong>de</strong>,<br />

o pai da estrutura do Mineirão é o Jermann”,<br />

afirma, h<strong>um</strong>il<strong>de</strong>mente.<br />

Ex-jogador <strong>de</strong> basquete e ex-remador, Gil<br />

César relata que o projeto <strong>de</strong> construir <strong>um</strong> estádio<br />

vinha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1957, quando o <strong>de</strong> pu tado<br />

Jorge Carone Filho apresentou <strong>um</strong> pro jeto na<br />

“<br />

O meu maior problema<br />

era dissuadir alguns<br />

governadores, que queriam<br />

construir estádios <strong>de</strong> até 70<br />

mil pessoas em cida<strong>de</strong>s como<br />

Teresina e João Pessoa, que,<br />

na época, não contavam com<br />

<strong>um</strong>a população <strong>de</strong> 300 mil<br />

habitantes. Seria preciso<br />

esvaziar a cida<strong>de</strong> para encher<br />

o estádio.”<br />

48 DEZEMBRO DE 2009

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