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Itaú Cultural

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As sessões de debates foram abertas<br />

pelo professor Teixeira Coelho, com uma<br />

exposição que propôs um quadro inicial de<br />

referência para os debates.<br />

A renovação e a expansão de recursos<br />

culturais da cidade, o apoio às instituições<br />

culturais e à diversidade, a opção<br />

pelo desenvolvimento humano em<br />

detrimento do econômico, o cuidado no<br />

respeito e na multiplicação dos direitos<br />

culturais, a definição do que podem<br />

ser os indicadores culturais dessa nova<br />

gestão da cidade, a institucionalidade da<br />

cultura solicitada pelos novos desafios<br />

e o papel da sociedade civil no cenário<br />

político e social.<br />

Um dos eixos de reflexão propostos por<br />

Teixeira Coelho foi discutir o lugar da cultura<br />

na nova governança da cidade ou, dito de<br />

outra maneira, encontrar formas de impedir<br />

que se eternize o papel secundário que a<br />

cultura sempre assumiu nas organizações<br />

políticas. Pois, ainda que nem sempre seja<br />

possível mensurar com profundidade, é<br />

cada vez relevante, inclusive no Brasil, a<br />

força econômica da cultura. Fica cada vez<br />

mais evidente que a cultura extrapola a<br />

esfera de construção de bens simbólicos,<br />

a ela tradicionalmente associada, a fim de<br />

colaborar mais intensamente para a produção<br />

de bens, serviços e produtos com valor<br />

econômico relevante. Dados do Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),<br />

por exemplo, dão conta de que o número<br />

de trabalhadores brasileiros em cultura é<br />

maior do que o da indústria automobilística.<br />

imagem: Cia de Foto<br />

Estudos do Center for an Urban Future,<br />

organização de pesquisa baseada em Nova<br />

York, indicam que essa cidade tem 8% de sua<br />

força de trabalho vivendo daquilo que se pode<br />

chamar de cultura (arte, música, teatro, dança,<br />

produção de cinema e TV, moda, arquitetura,<br />

publicidade). Oito por cento é um número<br />

alto, maior do que representam vários outros<br />

componentes dos PIBs de cidades e países. Isso<br />

acarreta, para além da questão imediatamente<br />

econômica, a necessidade de discutir a<br />

configuração de novos direitos culturais e um<br />

posicionamento renovado da sociedade civil<br />

nos governos locais, de modo a considerar a<br />

cultura como o centro em torno do qual serão<br />

construídas as novas políticas públicas.<br />

Em seguida, Teixeira Coelho alertou sobre<br />

um dos mais fortes riscos a que a cultura<br />

estaria submetida hoje: sua transformação<br />

em serviço. A cultura já foi (e continua a<br />

ser) utilizada como veículo para afirmação<br />

ideológica e dominação política. Foi<br />

largamente usada na afirmação da fé e<br />

na difusão de crenças religiosas, mesmo<br />

tendo gerado bens culturais de enorme<br />

valor simbólico como as grandes obras<br />

de inspiração religiosa. Transformou-se,<br />

mais recentemente, em suporte e veículo<br />

para a diferenciação e a especialização de<br />

mercadorias, e agora corre o risco de ser<br />

transformada em serviço. Em que pesem as<br />

boas intenções de muitos agentes sociais,<br />

para Teixeira Coelho, estaria em andamento<br />

um processo de domesticação da cultura,<br />

que consistiria em fazer dela “um meio de<br />

promoção de diversas e novas palavras<br />

de ordem sociais como desenvolvimento<br />

Organização que privilegia um método de trabalho que associa técnicas de jornalismo e de pesquisa acadêmica<br />

e produz análises detalhadas e soluções para problemas urbanos. Mantida pelo aporte de inúmeras fundações,<br />

universidades e bancos. Disponível em http://www.nycfuture.org.<br />

econômico, desenvolvimento humano,<br />

igualdade de gênero, étnica, etária e tanta<br />

outra”. Com essas afirmações, entretanto,<br />

Teixeira Coelho não pretende reivindicar<br />

para a cultura um espaço externo e<br />

eventualmente acima da realidade social,<br />

como contraposição aos riscos de sua<br />

domesticação. Pelo contrário, “fazer da<br />

cultura um instrumento privilegiado do<br />

desenvolvimento urbano e humano sem<br />

transformá-la em serviço: assim se formula<br />

um dos maiores desafios a enfrentar”.<br />

A cultura na cidade de São Paulo<br />

Esta última definição de Teixeira Coelho<br />

contou com a concordância de Danilo<br />

Santos de Miranda, diretor regional do<br />

Serviço Social do Comércio do Estado de São<br />

Paulo (Sesc/SP), para quem a cultura “é uma<br />

grande ferramenta de transformação da vida<br />

das pessoas. Ela educa para a autonomia,<br />

aumenta a capacidade das pessoas em<br />

imagem: Cia de Foto<br />

decidir da melhor forma possível”. Em sua<br />

exposição, Miranda ressaltou que a entidade<br />

que dirige, com unidades e mil<br />

funcionários no estado de São Paulo, tem<br />

uma longa história de reconhecimento dos<br />

direitos legítimos das pessoas à educação,<br />

à cultura e ao aperfeiçoamento pessoal.<br />

Apoiado nessa experiência, o Sesc/SP<br />

passou a integrar o movimento Nossa São<br />

Paulo, que reúne mais de 00 entidades<br />

públicas e privadas motivadas a pensar a<br />

cidade e propor saídas para os problemas<br />

de transporte, violência urbana e cultura,<br />

entre outros.<br />

O atual secretário municipal de cultura da<br />

cidade de São Paulo, o cineasta e professor<br />

universitário Carlos Augusto Calil, registrou<br />

o surgimento de um fenômeno no Brasil<br />

e, em especial, na cidade de São Paulo: a<br />

sede de cultura, o aumento do interesse em<br />

fazer arte e cultura e usufruir delas. Para o<br />

secretário, a sociedade clama por novos<br />

. .

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