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Itaú Cultural

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População rural<br />

População urbana<br />

36% 64%<br />

1950<br />

68%<br />

1980<br />

2. A urbanização do mundo<br />

Em 9 0 existiam 8 cidades com mais de milhão de habitantes.<br />

Em 007 eram 68 aglomerações que excediam esse número. No<br />

Brasil de 9 0, 6% da população morava nas cidades. Em 000 a<br />

proporção urbana passava para 8 , %.<br />

Brasil. População urbana e rural 1950-2000<br />

32%<br />

45%<br />

1960<br />

1991<br />

25%<br />

75%<br />

56%<br />

1970<br />

44%<br />

18,8%<br />

© Atlas Geográfico do Brasil – Editora Melhoramentos Ltda. – Direitos para internet reservados ao UOL (www.uol.com.br)<br />

55%<br />

2000<br />

81,2%<br />

Isso significa que a educação e o sistema de valores da maioria da<br />

população das cidades tinham profundas raízes no meio agrário. Daí,<br />

talvez, a nostalgia pela vida rural ou os ingredientes do imaginário mais<br />

próximos da idealizada experiência do habitante do campo, normalmente<br />

muito distante das reais agruras da vida no meio campesino.<br />

O fato é que a importância qualitativa da cidade passou a ser decisiva<br />

como elemento configurador da cultura. Se as pessoas migraram é<br />

porque o sistema de produção mudou. A incorporação tecnológica<br />

no campo liberou mão-de-obra que foi procurar emprego nos<br />

conglomerados urbanos. E o sistema econômico, que mudou a<br />

ênfase do produtor para o consumidor, encontrou nas cidades<br />

o âmbito propício para se expandir e prosperar. A produção do<br />

campo cresceu, mas seu controle está nos grandes centros e é cada<br />

vez mais robotizado. Vale lembrar a profecia de Domenico de Masi,<br />

no sentido de que em pouco tempo não haverá mais ninguém em<br />

contato físico com os afazeres diretamente relacionados à lavoura.<br />

3. Uma cultura para um mundo urbanizado<br />

Surge, então, a pergunta que motivou este artigo: que cultura para<br />

que pessoas? A resposta é óbvia: sem descuidar do habitante do<br />

campo – espécie em extinção – e preservando o patrimônio tangível<br />

e intangível que pode desaparecer com ele, é necessário focar as<br />

cidades e agir em função da gigantesca massa que as habita.<br />

Mas de que cidades estamos falando? Se nos referirmos aos pequenos<br />

e médios núcleos urbanos, percebemos que eles, mesmo que<br />

muito próximos da realidade agrária e vinculados a essa produção,<br />

vivem cada vez mais em função das realidades culturais das<br />

grandes metrópoles. Às 0h – hora de Brasília –, grande parte dos<br />

brasileiros se vincula em rede ao Jornal Nacional e à novela da Globo.<br />

Se for domingo, ao Faustão e ao Fantástico. Ou, minoritariamente,<br />

a outras expressões televisivas, sombra mais ou menos fiel da<br />

Globo. Infelizmente – e com a exceção de alguma eventual festa<br />

religiosa ou tradicional, e alguma passagem de espetáculo nômade<br />

(lembro aqui a história contada pelo filme Bye Bye, Brasil) – o lazer é<br />

pautado pelas megacidades, que determinam modas e mudanças<br />

de hábitos e costumes. Quem viajar hoje Brasil adentro perceberá<br />

que meninas e moças de todos os lugares e regiões vestem-se como<br />

as protagonistas da novela em curso.<br />

As cidades grandes (de a milhões de habitantes) possuem vida<br />

cultural intensa e alguma produção cultural própria. Em muitos casos<br />

elaboram políticas públicas de cultura ou – se capitais de Estado<br />

– se beneficiam prioritariamente das políticas culturais estaduais.<br />

São modelares, nesse sentido, cidades como Manaus, Belém, Recife<br />

e Porto Alegre. Mas, de um modo geral, exportam pouco da sua<br />

produção cultural. Salvador é uma exceção: sua produção musical<br />

se estende ao resto do país e é conhecida no mundo.<br />

Filme brasileiro de 979,<br />

dirigido por Cacá Diegues<br />

e produzido por Luiz<br />

Carlos e Lucy Barreto, com<br />

José Wilker, Betty Faria e<br />

Fábio Júnior. Fotografia de<br />

Lauro Escorel e música de<br />

Chico Buarque.<br />

.70 .7

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