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Itaú Cultural

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6 RUIZ, Jordi Pascual i. Sobre<br />

la participación ciudadana<br />

em el desarrollo de políticas<br />

culturales locales em ciudades<br />

europeas in Guia para la<br />

Participación Ciudadana em el<br />

Desarrollo de Políticas <strong>Cultural</strong>es<br />

Locales para Ciudades Europeas.<br />

Barcelona: Interarts, sem data.<br />

7 Ver verbete Política<br />

<strong>Cultural</strong> in Dicionário crítico<br />

de política cultural.<br />

Jordi Pascual i Ruiz, ao refletir sobre as políticas culturais no âmbito<br />

europeu, anota que<br />

Existem várias forças hoje em dia que ameaçam a autonomia<br />

da cultura e o conteúdo crítico que constitui sua essência; o<br />

fundamentalismo cultural e a instrumentalização da cultura,<br />

por exemplo, cresceram até se tornar uma força influente nas<br />

cidades européias. Essas ameaças se opõem graças à ênfase<br />

que vem recebendo a relação entre cultura e direitos humanos.<br />

Hoje, mais do que nunca, o processo de desenvolvimento<br />

humano, individual de cada pessoa, permanece incompleto<br />

sem a contribuição da cultura, que amplia as possibilidades<br />

de escolha e permite uma grande liberdade individual. Se<br />

existe o direito à cultura, abre-se a porta à responsabilidade<br />

pública e, portanto, à necessidade de políticas culturais. 6<br />

Política cultural pode ser definida como o programa de intervenções<br />

realizado não só pelo Estado, mas por instituições civis, entidades<br />

privadas e por grupos comunitários, como propõe Teixeira Coelho,<br />

com o objetivo de satisfazer as necessidades culturais da população e<br />

promover o desenvolvimento de suas representações simbólicas. Suas<br />

formas de intervenção podem ser diretas, como as de ação cultural<br />

construídas no processo cultural propriamente dito (centros de<br />

cultura, manifestações culturais específicas etc.). 7 Percebe-se que<br />

as políticas culturais de proximidade com participação ativa da<br />

sociedade civil são a forma possível para pensar as políticas culturais<br />

hoje, ampliando a definição proposta acima com base na idéia<br />

de coletivos de indivíduos, não apenas a de grupos comunitários,<br />

que implica outro entendimento da relação que se dá entre os<br />

participantes da ação.<br />

Os indivíduos agem coletivamente, quer participando em ações<br />

institucionais quer criando coletividades alheias às instâncias<br />

governamentais. Cabe sublinhar que, nas ações coletivas instauradas<br />

fora da esfera institucional, a cultura e a arte têm sempre lugar de<br />

destaque, sem que se constituam em esferas isoladas ou subalternas<br />

em relação às demais esferas de gestão dos espaços. A percepção do<br />

lugar central reservado à cultura para que a convivência e a criação<br />

coletivas sejam possíveis é comum às mais diferentes ações.<br />

Das experiências<br />

Can Viés é um centro social autogerido localizado em Sants,<br />

Barcelona. Um dos muitos exemplos de construção abandonada<br />

ocupada, prática que desde a década de 970 se disseminou pela<br />

Europa, pela ação dos squatters ou okupas, como são denominados<br />

na Espanha. O edifício que abriga o centro foi construído em<br />

879 para armazenar material para a linha de metrô que estava<br />

sendo construída. Posteriormente, converteu-se no Círculo Social<br />

Metropolitano dos trabalhadores do metrô, foi coletivizado na época<br />

da guerra civil espanhola, abrigou a seção sindical do metrô na época<br />

franquista para, em seguida, sediar uma seção da Confederação Geral<br />

do Trabalho (CGT). Ataques incendiários abalaram a construção nos<br />

anos 990, o que levou ao seu abandono. Em 0 de maio de 997,<br />

jovens moradores de Sants, bairro carente de espaços públicos,<br />

ocuparam o edifício para que pudessem utilizá-lo para atividades<br />

artísticas, culturais e políticas. Um plano de reurbanização da<br />

prefeitura de Barcelona pretendia remodelar a vizinhança de Sants, o<br />

que exigiria a desocupação do espaço. Os ocupantes manifestaramse<br />

contra, sob a alegação de que o espaço pertencia aos habitantes<br />

do bairro, opondo-se à construção de casas e prédios privados tal<br />

como previsto no plano de reurbanização, abandonando o uso<br />

público que faziam do edifício. Vários grupos, coletivos e associações<br />

manifestaram-se solidários aos ocupantes, e o centro foi mantido.<br />

Hoje, o centro produz o jornal La Burxa, promove festas, oficinas de<br />

teatro, de dança, de vídeo, de cinema e de música e apresentações<br />

de diferentes linguagens artísticas, além de sediar assembléias de<br />

responsabilidade coletiva, ou seja, instância em que são resolvidas as<br />

mais diferentes questões, de maneira horizontal, consensual e não<br />

hierárquica. O centro é gerido pela coletividade.<br />

Em Amsterdã, o OT301 é um centro multidisciplinar, multimídia,<br />

que se propõe como um espaço para a cultura alternativa àquela<br />

apresentada nos espaços institucionais convencionais. Na Holanda, a<br />

propriedade tem uma função social: se um prédio está desocupado<br />

e sem uso há mais de meses e o proprietário não tem perspectiva<br />

de uso imediato, pode ser legalmente ocupado (envia-se uma carta<br />

ao proprietário e a polícia é convidada a inspecionar o local para<br />

verificar o estado em que se encontra e confirmar a desocupação<br />

do prédio). Essa característica peculiar das ocupações na Holanda é<br />

indicativa de uma política pública de participação da coletividade.<br />

“No culture without subculture” é a frase de abertura do website do<br />

espaço cultural. 8 O prédio, antiga academia de filmes, foi ocupado<br />

em 999 por um grupo de artistas e é aberto à comunidade de<br />

maneira geral com as seguintes propostas de projetos:<br />

• Studio 0 – Três espaços públicos multifuncionais destinados a<br />

manifestações culturais cujo foco é a alta qualidade, a programação<br />

experimental ou que tenham conteúdo político radical (o que quer<br />

que isso signifique).<br />

• De Peper – Projeto coletivo, sem fins lucrativos, combinando<br />

cozinha com cultura. No restaurante e no bar, que só servem<br />

produtos orgânicos e vegan, acontecem happenings, saraus, noites<br />

com DJs, exibição de artistas.<br />

• Fijnhout Drukkerrij – Gráfica sem fins lucrativos.<br />

8 Ver http://squat.net/<br />

overtoom 0 /<br />

pages/home.html.<br />

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